Letras em greve



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As vogais cansadas de serem minorias reclamam mais direitos e decidem, por unanimidade, entrar em greve. Põem a público a sua contestação dirigindo-se, de início, ao sindicato do Alfabeto.

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Como se esperava não houve entendimento. Não se compreendia nada que a minoria insatisfeita protestava. As vogais não abriram mão e continuaram em seus manifestos, agora nas ruas.

Nada aconteceu, quando muito despertavam a curiosidade das pessoas, que assim como a entidade representativa, não conseguia interpretar.

Na assembleia das vogais, a letra O queixou-se de sua posição. Não mais queria ser a penúltima e iniciou uma rebelião. De nada adiantou a letra A apresentar razões para vir em primeiro. E o desentendimento se fez: a letra I também quis mudar de lado. 

Estou com a letra U. Vamos nos unir e assim ficaram: OIU-AE. 

Vamos acabar com essa sequencia escravizante chiou a letra E. Sempre fui a segunda e não quero sair por aí sem ser entendida. Depois de nova negociação resolvem ficar na mesma posição.

OIUAE-  

Passaram-se algumas horas e o sindicato decide infiltrar-se nas assembleias das vogais. Qual letra iria já que as reuniões sempre eram apresentadas por cinco? Depois de muita conversa a letra X manifestou-se. Eu vou! Sou capaz de ficar invisível. Sem dizer como, lá se foi o X.

Logo que a reunião das vogais teve início, um susto: o que está havendo? -  perguntou a letra A. Há um estranho aqui! – Denunciou.

Todos os olhares fitos no estranho, que permanecia calado. Quem é você?

Eu sou o X da questão. E vou logo dizendo que precisamos montar um comitê de negociação. Somos essenciais e inseparáveis. Não sabemos quem começou isso, mas é a verdade.Porque acham que não foram entendidas até agora? As consoantes e as vogais nunca brigaram antes.  

E o que você propõe? – indagaram as vogais aflitas.

Façamos uma trégua - ponderou o X.

Nada feito. Ninguém concordou. Muita conversa, muito barulho e se fez uma grande confusão.

Daí o X começou a gritar frases desconexas:

Vcs prcsm m vr!  Vcs prcsm m vr!

E assim o X continuou. Cansadas dos gritos, as vogais sentaram-se e indagaram. O que você está dizendo?

E o X: incógnita! Incógnita!

Mas continuamos sem entender. Chiou a letra U. Silêncio total.

A letra X – apesar do desânimo – insistiu. Letra A preciso de você para iniciar muitas conversas. E olhando para letra E: de você preciso para me fazer entender. Sem a letra I não posso nem reclamar.  Com a letra O escrevo Amor, com o U os namorados não teriam o Xuxu. Entenderam agora?

Ah.... quantas delongas! reclamou a letra A.

E o X: bom,  sinto que não sou bem vindo por aqui, mas antes de ir direi:

Nd  f crd m v~ prcsms ns ur pl  bm d lng!

De volta ao Sindicato do Alfabeto,  desabafou:

s vgs n~ m drm vds.Tenho uma ideia. A partir de agora, as vogais estão proibidas de usarem as letras daqui para se comunicarem. Baixaram a portaria, mas fizeram uma trégua a pedido das vogais. - Precisamos de um consenso as outras entidades classistas precisam de nós.

Quantos deles? -  perguntou a letra G. Todos! - responderam. E assim, pelo menos entre as letras, a hrmn se fez. Quer dizer, a harmonia.


Se deixar, o vento leva!

  De vez em quando faço uma ligeira pesquisa por aqui, neste espaço.  É tão bom ler o meu pensar de alguns anos.  Este blog tem me acompanha...