Do lixo


O lixo acompanha a nossa história. Eu sou do tempo que se enterrava sobras no quintal. As folhas das grandes mangueiras, goiabeiras, cajueiros e outras árvores frutíferas eram recolhidas e queimadas. Ninguém reclamava da fumaça porque era consenso na vizinhança. O trabalho era alertar para a retirada dos lençóis passados no anil, que dançavam ao vento e se iluminavam a luz do sol.

O recurso poético é para tentar abrandar a situação de hoje dos que vivem amolestados pela abundância do lixo. Os resíduos sólidos, matéria orgânica, não adubam apenas, alimentam o homem, como imortalizou a poesia de Manuel Bandeira.

Somos convidados a mudar a cultura da convivência com o indesejável, armazenando com cuidado em sacos plásticos; separando os recicláveis, dentre outras medidas.

Só não se vê uma fórmula para resolver e dar vida digna ao sobrevivente dos lixões. Não falo dos produtos que levam anos para desaparecer. Estou falando do pai de família, da mãe do garotinho subnutrido que se cobre de poeira, oferece o seu corpo à contaminação para (que paradoxo) garantir a sua vida.

O Povo flagra a realidade, que na maioria das vezes, fingimos não ver.

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Se deixar, o vento leva!

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