O cérebro pensa e me garante a sobrevivência, mas são as minhas mãos - especialmente os meus dedos que me sustentam. Teclam diariamente sobre o tablado feito para eles e a intimidade é tanta que os olhos não precisam a presteza e a velocidade. É uma dança ininterrupta, varando o tempo e contextualizando as letras necessárias para dar vez a informação.
Com os dedos aponto e sou apontada. Critico e sou criticada. Entrelaço amizades, dou sustento aos salões de beleza. O homem nem sempre entende a apreciação pelas unhas. São o out-doors dos dedos meus de todos os dias.
Com eles, chamo pessoas próximas e afasto os indesejados; faço cachos nos cabelos cúmplices dos ventos. Indico números, atos e até xingo.
As mãos sem eles, o que seriam? Aprendi a contar com a ajuda sempre pontual. Somo e diminuo. Atraio e afasto. Eu não sei falar sem eles. E quando os escondo em um bolso, mando mensagem de que não vale a pena expô-los.
Com os dedos rogo aos ceus clemência, afasto a maldade em cruz e, normalmente, são decisivos no momento do Não e do Sim.
A música sai deles pelas cordas, pelo sopro... A pintura mágica colorida! E nos pés, como andar sem eles? No encontro com amigos, marcam a prosa.
Na cozinha, nós somos parceiros nas delícias. Nos quititutes, o assombro agradável dos netos, que aprendem com as pequenas extremidades...
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