Pra começar bem


Eu sou do tipo que acredita que todos os dias são momentos renováveis. E virada de ano então, nem se fala!

É uma preparação otimista porque a fé me persegue e se instalou de vez na minha vida.

Não leio prognóstico de horóscopo, já passei dessa fase. Agora, busco nas cores da amizade o prazer de continuar por aqui.

E nesse 2007, o que mais quero é continuar abraçando os meus amigos. Quanto ao resto... tudo continuará igual, sendo perseguido com o mesmo otimismo.

E para dizer que não falei da mídia, eu desejo muito não ter que ler matérias como esta.

Menino ou menina?


O mundo é de cores para as grávidas e mãe delas. Ficamos em dúvida entre os verdes, rosas, amarelos e azuis. Quem foi que disse que azul é cor masculina e rosa feminina? Em meio a tantas convenções nossas, confesso que fiquei frustrada ao assistir sem compreender patavina, o exame de ultrasonografia.

Na realidade, é uma invasão de privacidade sem tamanho porque sempre considerei que o útero materno é o melhor lugar do mundo, mais aconchegante e onde todos deveríamos estar super-protegidos. Mas, não estamos.

Hoje, a tecnologia nos permite ver, curtir já o pequenino que pulsa com vontade alheio à nossa curiosidade. Como disse, não entendi o que vi. O médico também não ajudou. Limitou-se egoísticamente no seu saber a responder a algumas perguntas feitas pela minha ansiosa filha. Eu nunca vi tamanho desinteresse.

Será que os médicos estão perdendo a emoção? De tantas vezes repetidas ações diante do monitor do aparelho cujo nome me escapa, apenas se restringe a medir, calcular e pronto? Não acredito, sinceramente, que a repetição de um gesto nos tire a emoção. Que nos digam os torcedores de futebol, que explodem de emoção durante os 90 minutos de uma partida decisiva.

E o tal médico, que também não sei o nome, permaneceu de costas pra mim, para avó, e para o pai também. Quanto desprezo! E a minha filha esticando o olho na tentativa de ver o que se passava em preto e branco.

O sexo do bebê continua em mistério porque ele ou ela manteve as pernas próximas demais, quase cruzadas, e ainda contou com a colaboração do umbigo para nos esconder o gênero.

E eu ali com um olhar no monitor e outro nas costas do médico indiferente, que ainda respondia baixo às perguntas da mãe estreante. Saímos do consultório com um misto de desgosto e de raiva. Sim, porque a emoção nossa nem sempre é experimentada pelo outro. Mas, será que não está no tempo de os médicos lembrarem que são humanos e a que a gestação é maior resposta de Deus para as nossas angustiadas indagações?

Pois, neste momento, eu digo ao meu segundo netinho, que eu o vi e não entendi, mas compreendo perfeitamente que todo o amor do mundo eu lhe darei. Seja bem vindo, não importa a cor que vá usar.

Por um fio


Estamos por um fio para compreender a perfeição tecnológica.
A vontade irrestível de gostar do outro.
E de entender que as diferenças somam o sentimento de fraternidade;
Diminuem a distância
Multiplicam as ações sociais;
Dividem e delegam os líderes missionários.
Tudo isso com o fito de vencer a maior barreira para o nosso crescimento: nós mesmos.

Novo ano, nova vida


Ano Novo, vida nova. Este é o chavão da oportunidade. Antes de reclamar, eu vou aproveitar para modificar algumas atitudes minhas. Muitas são velhas e me acompanham desde o berço. Outras, acabei de adquirir e, confesso, que ainda não me acostumei. Destas, com certeza, vou me livrar com mais facilidade. No entanto, as duradouras...

Mas, se a ordem é renovar, vamos lá! Mãos à obra que a vida é mansa para os mansos, inquieta para os ansiosos, lenta para os vagarosos e dolorida para os que cultuam a dor. Falando nisso, eu quero fazer um monte de desejos.

Se alguém me perguntasse o que eu gostaria para o 2007, por ordem de prioridade eu diria a manutenção do meu emprego; saúde, ou resistência às doenças; grana para continuar garantindo o sistema de aluguel que eu vivo. Isso, porque neste país não é preciso comprar para ficar devendo.

Se eu quero um grande amor? Sim!! quero continuar com ele, pensando, curtindo e sentindo saudades por conta da distância física.

Mas, o que mais desejo é espaço no mercado, e que a mídia, por sua vez, aprenda a respeitar o homem que faz, que escreve, que lê e, ainda os que não fazem por falta de oportunidade; os analfabetos, alijados do processo da escrita e os que não compreendem porque ler é uma liberdade apenas sonhada.

E como representante do sexo feminino, desejo que nós mulheres possamos parir mais idéias para conquistar a valorização da vida. A mídia só é feminina no gênero, porque ainda se esquece de mostrar a mulher brasileira em sua plenitude.

Por este motivo, destaco aqui, matéria do Observatório da Imprensa, idéia boa que deve vigorar e se fazer presente nas nossas vidas.

"Amigo é para guardar..."


No início do meu crescer já sentia a dor, que naquela época revoltava. Por um bom tempo a companhia incômoda fazia-se perceber e,eu ainda briguenta, queria distância. Sentia, mas não dava ouvidos.

Hoje, ainda acompanha vida minha e de muitos outros habitantes deste Planeta, mas só que agora, eu a escuto, toco e me deixo tocar. É uma relação diferente porque aprendi, que diante da dor, o mais fácil era chorar.

Em muitos momentos, as lágrimas secam antes de sair, se negam porque preferem outros instantes meus: a alegria de ter amigos. E nunca, nunca festejei tanto a amizade.

Natal festeja-se


Escrevi neste espaço que ainda não havia entrado no clima natalino. Há um certo q incógnito. Mas, longe de mim ficar sentada, largada e alienada do burburinho e até mesmo da melancolia de muitos que conheço.

Acordo cedo, vou para o meu laboratório de experiência (cozinha) e enfrento, numa boa, o fogão. Enquanto preparo os quitutes para a família, vou agradecendo a Deus pelo alimento. Eu sei que é acordar sem dinheiro para comprar pão.

Convido aqueles amigos desgarrados, digo os que estão com parentes distantes, mas alguns deles insistem em ficar remoendo suas saudades em casa, vendo TV.
Se ao menos ficassem ouvindo melodias de qualidade. Para ver TV neste período é preciso tomar algumas precauções.

A primeira delas é não largar o controle remoto. Vai que aparece aqueles programas com todo mundo sorrindo, vestidos caros, maquiagens que mascaram o conflito interior e aí você se identifica?

Ou aquelas receitas de última hora, com indicações de produtos que até o momento você não fazia idéia da existência? Ou ainda, os tijolões massacrantes com as bandas de forró, que proliferam iguais à erva daninha?

Há ainda os que odeiam a data.

A noite é sua, mas também é de todos. Não importa como queira atravessá-la. Em alguns momentos, não insisto para tirar da toca os intocáveis. Só desejo, que no exílio dos seus pensamentos, se vejam plenos, como uma das maiores criações que o mundo já viu.

E para aqueles que ainda não se encontraram e duvidam de que Jesus tenha nascido, sugiro este caminho.

Viver



Já que o momento é um convite à fraternidade, relembro a campanha da Igreja Católica de 2001, em defesa da vida.

Porque a mídia é coisa séria


Já é complicado e constrangedor entrar no rol das mulheres traídas numa pequena comunidade, imagino o quanto deve doer o conhecimento público do fato. Há um certo prazer na mídia em escancarar a dor. Neste momento, quero ser solidária à atriz Suzana Vieira por ser alvo dos veículos de comunicação, que se alimentam da fofoca.

Em todos os espaços o marido da atriz é notícia. No setor degenerescência ele ganha mais notoriedade do que ela. E isso faz sentido porque o talento está com Suzana. Não pretendo aqui por mais pimenta no molho, nem avaliar e colocar pechas no policial. A chamada é para tentar achar as razões que justifiquem a tomada tanto espaço e tempo da mídia.

Será que dá pra perceber que não é só o policial que perde oportunidade de ser leal?

Vaia resolve?



Eu não assisti à solenidade de diplomação dos deputados eleitos. Mas, fui informada de que as vaias foram ouvidas com intensidade. Lembro que nós não sabemos lidar com a rejeição. É complicado ser alvo desse sentimento.

Sei também que o ouvido vaidoso amplia o som da vaia e neutraliza os aplausos. Ou seja, numa platéia formada por cem pessoas, se uma delas soltar um estrondo uuuuuuu, com certeza é para ele o arquivo especial da memória.

Eu nunca esqueço que a rejeição significa perda, e por isso, mesmo deve ser instrumento de aprendizado. O aplauso alimenta a vaidade e, com o tempo acostumamos a ele, nos perdendo no seu verdadeiro significado.

O mesmo não ocorre com a vaia. Ela marca. Estigmatiza. Degenera. Quer experimentar? Se o manifestante bem soubesse, se avaliasse o dano que consegue provocar no íntimo, não faria.

É claro que não estou aqui cobrando mudança de atitude. Estou apenas tentando refletir sobre a rejeição.

Muitas figuras importantes do país já foram vaiadas. Graça Aranha quando declamou a poesia o Sapo, de Manuel Bandeira; Caetano Veloso, durante o festival de MPB quando interpretava É proibido proibir. Nenhum artista brasileiro foi tão vítima de apupo como aquele.

No entanto, recentemente, um ministro de Lula destronou Caetano. Durante uma cerimônia ele foi vaiado durante dez minutos seguidos. Confira no site
www.ucho.info, matéria com o título Matando a cobra.

Clima de Natal



Falta pouco para o Natal e eu ainda não entrei no clima. Estranho é que quando comento as pessoas que me ouvem falam o mesmo. O que será que está ocorrendo? Normalmente, neste período eu fico mais buliçosa, curto as luzes que tornam a Cidade mais bonita. Faço e refaço as contas para premiar os mais próximos.

Mas, até agora, nada! Nem nas festas tradicionais de confraternização tenho achado o meu clima. O que será que houve? Até janeiro de 2007 devo me sintonizar com o tempo, já que duas confraternizações foram agendadas para o próximo mês. Será que foi por desencontro? Não sabemos.

Será que estou contaminada por algum vírus de lucidez? Mas, o Natal não é um sonho. É um momento, que deveria ser eterno. Ou será que eu já vivo o Natal o ano todo? Sempre sou pretensiosa quando divago.

Sem sacolas, sem meias, sem bolas vermelhas e com pouca grana, vou olhando as vitrines, sem desejos incontidos. Eu nunca pisei tanto no freio. Acho que estou amadurecendo, de fato.

Mesmo assim, muita luz pra você que acompanhou os meus escritos até aqui.

A paz pode ser apenas indiferença


Domingo é um bom dia para ficar desestressado. Acordar sem pressa, tomar um bom café feito na hora, curtir a manhã de um dia convencionado para o descanso, ler o jornal e se estarrecer. Não que traga alguma novidade deste mundo. Afinal, a prostituição nos acompanha há muito tempo, só que antes era motivo de vergonha coletiva.

Como é possível continuar a intenção harmoniosa diante de tanta miséria que acontece bem próximo a mim? A paz que desejo se esvai com a mesma rapidez, que um raio cruza os céus e despeja o seu poder sobre uma bela e frondosa árvore.

Você quer destruir alguém? Abuse dele sexualmente.

Agora, acordei a juíza self e passo a me cobrar o que tenho feito em prol desses meninos e meninas indefesas? Como produtora da rádio Am do Povo, tive inúmeras oportunidades de promover denúncias, que mereceram CPIs na Câmara Municipal de Fortaleza e, mais recente, no Congresso Nacional.

Alguns foram denunciados e tiveram que responder à Justiça. Mas, não foi o suficiente para acabar com o crime. E o pior de tudo, é que nos lugares onde isso ocorre (quero dizer, entre nós), muitas vezes a desgraça passa ao largo. É a indiferença anestesiante. Estamos preocupados com outras mesmices.

Estamos psicoadaptados com a miséria humana. Suspiros prolongados me fazem parar a leitura logo de início. Fico nas manchetes e nos pequenos textos porque não é preciso ir até o fim para perceber a dor e o abandono que vitimam essas crianças.

É por isso que ao ligar o rádio, a TV, ler revistas e jornais, vemos os espaços quase todos ocupados pela aberração do mau gosto e o abuso do sexo. A interpretação equivocada da sexualidade humana.

Não estou aqui ditando normas, quem dera que eu pudesse ou conhecesse um manual que orientasse e fosse seguido para libertar essas crianças. E libertar também os que delas abusam, porque também estão presos à deformidade moral.

Faço um apelo àquele que tudo vê e nos concede o livre arbítrio, mesmo que mal utilizado, para que interceda em favor deles. Mas, isso não quer dizer que iremos ficar de braços cruzados. É preciso cobrar dos meios de comunicação o seu papel de denunciar, fiscalizar e criar incentivos, por meio de campanhas de valorização da vida, em busca da vida digna que eles merecem.

Você recebe o que vale?


Finalmente, o Congresso Nacional viu a reação do povo brasileiro. Normalmente, nós só somos conhecidos (se é que se pode dizer isso) na hora do voto. Esta é a nossa manifestação mais presente na política.

No entanto, agora, os congressistas estão experimentando forte reação do eleitor. Afinal, dobrar os vencimentos quando a maioria apenas sobrevive com salário de fome, quer o quê?

Eu também quero dobrar o meu, por que não? o que me impede? Só que para isso, eu teria que ter, no mínimo, três empregos. Bem diferente, não é? E eu conseguiria, no atual mercado estrangulado da comunicação? Duvido!


Choro da sanfona


A sanfona chora quando a intenção é alegrar o passo no ritmo e despertar o poeta. Há muito tempo estamos nos despedindo da música de qualidade. São os autores, criadores da melodia que se mudam em busca de aprimoramento.

Já disseram que quem não gosta de samba bom sujeito não é. Pois cearense que não reverencia a sanfona e as mágicas mãos que conduz o fole, precisa aprender a sivucar. Uso o termo, pedindo licença ao mestre do ritmo, Sivuca, que voltou à pátria espiritual.

Sivuca não se entendia apenas com a sanfona, também foi íntimo das cordas. E nessa intimidade, que só o talento favorece, brincou com o ouvido e brindou o mundo com a sua arte.

Rima pobre


Vamos rimar. Eu sou do tempo que poesia tinha que ter rima pobre. Pelo menos, esse era o meu entendimento. E lá ia eu, ensaiando as primeiras frases, descobrindo um contentamento incrível pelo sucesso que elas faziam entre os colegas de escola.

Frases bem boladas, bilhetinhos para o menino interessante da sala ao lado. Eu trocava por lanche (opa! Naquele tempo era merenda mesmo), livro, caderno, lápis. A cada dia mais requisitada, descobria como brincar com palavras. Realmente ler e escrever são a experiência de maior liberdade que se pode experienciar.

Participei de concurso de poesia. Um dia, caprichei na inspiração, mas a comissão descartou. Aí, me disseram que o impactante seria fazer coisas mais ou menos sem sentido. Ah, faz sentido, então vamos lá.

Busquei inspiração que veio de imediato. Na maior brincadeira, juntei letras e joguei à sorte o texto que mereceu o segundo lugar:

Ei, você aí, me vê? Então me empresta os olhos que eu também quero
ver.
Ei, você aí me ouve? Empresta-me os ouvidos que também quero ouvir.
Você fala? Empresta-me a língua que eu também quero falar!
Sentiu aí o movimento poético? Não está completa. Perdeu-se no tempo como toda palavra entregue ao vento. Para seguir os meus momentos de poesia confira o outro espaço.

Desabafo


As vezes eu penso de como gostaria de ser lembrada pelas pessoas com as quais eu convivi por um determinado tempo. Como sempre ocorre, eu viajo na fantasia. Crio personagens que interpretei por insistência do outro. Sabe, aquele outro que coloca em você o perfil sonhado, desejado e quer porque quer que você corresponda a isso. Aí, você deixa a identidade de lado e passa a viver o personagem ditado.

Com isso, tive várias facetas e não pense você que, por meio desse reconhecimento, eu tenha largada o palco e as experiências teatrais. Continuo interpretando, até mesmo quando não me dou conta. Quer ver? Por exemplo, quando me calo, mesmo louca pra falar o que penso, mas por conveniência ou mesmo conivência, não deixo a palavra fluir.

Quando não escrevo o que o pensamento manda, porque é de bom senso abortá-lo. Também quando tenho que lidar com situações profundamente adversas; quando escuto grito de torcedores eufóricos, pra não dizer fanáticos , que são capazes até de matar pelo que acredita ser amor pelo time.

E para cada pessoa com a qual tive a oportunidade de conviver serei um dos personagens cheios de falhas. Não correspondi ao modelo plasmado por ela. Traí a confiança; desiludi; rompi os códigos da boa convivência.

Mas, tem alguém muito sábio que me conhece e vai reconhecer-me na lembrança. Aquele que em nada interferiu na minha vida, apenas me permitiu ser, em algumas oportunidades, explosiva, noutras serena. Em outras, amiga, fraterna, de lua, sorridente, irascível, doméstica, society.

Mas, que eu lembre, estou vivendo a minha melhor fase. Já consigo ver em algumas situações, o X da questão. Esta letra, uma vez encontrada, tem me facilitado o discernimento diante de tanta porcaria que o homem alimenta.

Permita-me não citar a porcaria. É óbvio.

Arruma que a gente volta



Eu não tenho histórico boêmio tendo como lugar a Praia de Iracema, mas sou solidária a quem vive lá e, por isso, defendo o direito de ter de volta o lugar paradisíaco que foi.

Não vou questionar o que afastou as pessoas do lugar. Alias, nós somos fatídicos: costumamos destruir o espaço que ocupamos. O que é lamentável.

Não vejo a Praia de Iracema como lugar que se vai para encher a cara de álcool. Seria para encher de prazer entre uma lufada e outra de vento salgado. Um colírio para olhos cansados de paredes e de tela de monitor. Para expressar o prazer de estar vivo.

Estão matando progressivamente as nossas praias. A gula excessiva e sem respeito da verticalização. Eu não sou contra a construção de edifícios. Lógico que não! Mas Fortaleza tem muito espaço ainda para abrigar casas, apartamentos.

Em lugar de céu só vemos paredes coloridas, que querem numa tentativa vã, ocupar o mesmo espaço. Eu demoliria tudo! Traria o céu de volta com as suas estrelas para guiarem os pescadores de peixe, porque os de ilusão continuam destruindo a nossa Terra.

A Prefeitura acena com um projeto de revitalização. Seria para ocupar mais ainda a área? Tragam de volta o céu livre para o olhar, porque é a nossa seta esperançosa do caminho
que queremos seguir.

Se valer, aqui estou brigando pelo direito usurpado de moradores e frequentadores da Praia de Iracema, que encolheu tanto, que a maioria agora, chama de PI.

Justiça para pobre


A princípio, justiça é para todos. E todos são iguais perante à Justiça. A prática, nós sabemos, que nem todo mundo segue o manual. Digo, Constituição.

O Brasil é apontado como um dos países onde a Justiça é coisa de rico. O jargão é verdadeiro, sim. E não é só questão de opinião. O próprio Ministério da Justiça reconhece a realidade cruel.

Sessenta por cento do país não tem um defensor público, sequer. Mas não é por falta e desinteresse desses profissionais. Em junho passado, eles reivindicaram da União, criação de cargos e instalação de defensorias em cidades e municípios para garantir aos mais pobres, o acesso à Justiça.

Fico pensando o que está faltando para a expansão do serviço, digo melhor, do direito de cidadania. Já se falou tanto sobre isso, mas os resultados são tão poucos. Não tiro a razão de quem se desespera e vive a protestar contra todos.

Papo etílico


Não tem como evitar: o ano está chegando ao fim. Receitas para iniciar o outro, com melhor performance, não faltam. No menu das festas fartas ou não, o álcool marca presença.

Se duvidar, até o salgadinho inocente que você vai comer, desafiando todos os conselhos de nutricionistas e os adeptos da magreza, tem cachaça. É para dar o tom da massa.

E a gente já começa a ver na TV aquele velho slogan: se vai beber, não dirija ou de for quiser, se vai dirigir, não beba. Você conhece alguém que segue esta "norma"?

Argumentos para colocar álcool no dia-a-dia também não faltam: um encontro com amigos, a confraternização, a despedida de solteiro(a), o casamento, o aniversário, o batizado, o tanque do veículo, dentre outros.

O consumidor, com certeza tem muito a ver com a expansão da indústria do álcool e açúcar. E, antes que comece a comemorar passe aqui.

Confraterniza(ção)


Pronto! chegou dezembro e a ordem é confraternizar-se. Quem você convida para um encontro festivo, de despedida de ano e para cultuar a amizade? Este é um período preferido. Curto as luzes que se espalham na cidade. Se as árvores e plantas decorativas são verdes festivas durante o dia, à noite, elas imitam o céu e se tornam estrelas.

Há no ar um certo toque de magia torcendo pela busca da paz. E como estamos agora, diante do incentivador, do revolucionário mundial? Como estamos nos entendendo com o lobo mau e lobo bom da mente?

Não cresci em reuniões natalinas. Familiares sorridentes, envolvendo-me com simpatia e presentes. Eu, como já disse, conheci Papai Noel há bem pouco tempo. As luzes da minha infância fugiam da especulação da maioria. Cresci buscando-as, porque sempre acreditei que poderia chegar perto.

Hoje, curto as luzes que piscam sem parar num apelo ansioso de boas-vindas. As cores num arremate de alegria, nem sempre contagiante, mas que nos constrange a ver o mundo diferente.

Há quem diga, que neste período, a Terra cansada de tantos maus tratos consegue ter suavizada a psicoesfera. São apenas alguns dias, mas tem todo o seu valor porque Deus não nos fez inútil.

Estou ensaiando a confraternização interior para depois transcender e exercitar a irmandade planejada. De presente quero um futuro melhor. O caminho para uma vida simples.

O curso da fala



Estava falando sobre discurso nosso de todos os dias e alguém,
defendendo autoria de sua fala, me informou que sempre patenteia as frases. E saiu citando algumas delas, as quais não exponho aqui por absoluta falta de permissão. Não que ela tenha negado, eu não cheguei a pedir.

Fiquei, como sempre, cismando. O que de fato me pertence quando falo ou escrevo? Se utilizo palavras usuais, fatos corriqueiros e bisbilhotados, e rara exceção, algo inusitado e do desconhecimento da grande maioria? Lamento não ter feito a cadeira, que põe luz sobre análise do discurso.

Quando escrevo, também sou leitora. E sei que nem sempre sou fiel ao
primeiro pensamento manifesto. Antes, passa pelo crivo da razão em busca da
lógica e, principalmente da aceitação.

É preciso ter zelo quando se escreve na rede mundial de informação. A preocupação não se restringe apenas a quem deve atingir, mas, (ressalto), o autor.

Esta introdução é para apontar alguns exemplos de discursos que marcaram a história nossa. Mas, sem dúvida este, foi o que nos transformou e vai nos transformar sempre.

Para dobrar o sino


O que você quer ganhar do papai Noel? Esta pergunta nunca foi feita a mim. E, se alguém hoje se atrever a me perguntar, com certeza vai ganhar uma gargalhada como resposta, seguido de um eu cresci, sabia?

O fato é que são muitos os presentes e dádivas que espero receber. Aliás, todos, sem exceção, esperam ser ouvidos, olhados, abraçados e lembrados. O mês de dezembro é pequeno e a noite de Natal tempo pouco demais para se atender aos chamados.

Neste período, o comércio fica de olho no décimo-terceiro, que já foi gasto pela maioria. O meu, está quase indo embora. E não será utilizado em presentes.

Há quem se alegre e se comova nessse período, querendo compensar o tempo na dedicação dos abandonados, os órfãos da sorte. Outros, abraçam a depressão. Alegam tristeza, uma certa saudade, uma melancolia sem argumentos visíveis.

Enquanto isso, os sinos continuam tocando num convite 'a necessidade de paz. Esta sim, será a nossa maior conquista. Mas, enquanto o melhor presente não chega, o namorado não vem, a mesa não fica farta, a promoção não sinaliza, vamos conciliar as idéias.

Vamos permitir extravazar o lado bom tão pouco usado. É o momento de se respirar, libertar-se da angústia, que o egoísmo provoca. Olhar pro outro e reconhecer, que também alimenta os mesmos sonhos.

Doutor da leitura


Foi uma festa para os meus olhos, sentimentos e memórias incontidas. Revi e previ a vida daquele garotinho sorridente, enlaçando a cintura fina de uma
menina de olhos brilhantes e de sorriso constante.

Parei o tempo ( a gente pode fazer isso) e me deixei levar pelo momento mágico. A vida, realmente, é uma grande magia. É por isso que muitos de nós se perdem em conjecturas
loucas com relação à questão da sobrevida. Como se Deus fizesse algo improdutivo. Isso não é só descrença. É ingratidão.

Firmei o olhar e abri um sorriso, que se tornou perene para aquela par de olhos que buscavam aprovação nossa. Victor, meu netinho, colava grau e curtia a festa merecida pelo esforço do ano.

Na véspera perguntei-lhe se estava ansioso por conta do encerramento. Disse-me que sim, não queria estar, mas estava. Que lindo! Como lamento a falta de ouvidos para as crianças. Como elas são sensatas, ricas e deslumbrantemente professoras.

Na minha já vivida escola, aconselhei-o que apesar da ansiedade, curtisse aquele momento maravilhoso, pois era uma festa merecida e o sufoco já havia sido vencido. Ele concordou com aquele jeitinho peculiar de menino sábio e me abraçou. Outra magia. O abraço é assim. É aquele encontro de emoção que dispensa a voz para expressá-lo.

É provável que a primeira valsa de Victor caia no esquecimento porque outros ritmos fazem parte de sua vida e muitos outros serão apresentados para que faça a sua escolha. Mas, com certeza, o alicerce provocado por esse momento, vai sedimentar e lhe dar segurança do amor familiar.

Nós somos produtos do que fazemos hoje, mas antes disso, somos produtos do que recebemos, enquanto ainda muito tenro o nosso entendimento.

Cadê as brasileiras?


Estava olhando fotos de mulheres desnudas(eu prefiro este termo para não ser bloqueada) e não reconheço mais as brasileiras. Cadê aquelas mulheres lindas, morenas, mestiças?

Só vejo loiras com sobrancelhas escuras. Só percebo mulheres com busto acima de 42, média nacional, acredito que tenha sido por aqui, até a invenção do silicone. E os bunbuns? agora são malhados, empinados imitando formas de coração.

As cinturas, pelo menos sempre foram do tipo finas e isso permanece só que com exagero. Tem mulher retirando costelas para afinar mais ainda. É o que a gente chama de ser selada, nada a ver com animais, pelo amor de Deus!

Se for fazer uma comparação grosseira, a mulher brasileira de hoje, aquelas que podem pagar para se transformarem, diminuíram e empinaram as costas, suprimiram a barriga com lipo e retirada de pele e inflaram os seios. Daqui a pouco, não mais nos reconheceremos.

O incrível é que muitas das nossas crianças estão seguindo o ritmo do bisturi. Será que ninguém vai fazer nada? O que pretende a mulher plástica de hoje? Isso sem falar da boca, lábios mais cheios e não é herança da miscigenação! É silicone também.

E antes diziam que o humano iria se robotizar e as pessoas achavam isso ridículo!

Precisamos de correio


Estava há pouco falando com amigos sobre o avanço da tecnologia mundial. Como não domino o tema, limitei-me a deitar observações da vivência cotidiana. O consenso é de que, apesar de lentamente, também avançamos como pessoas.

Experimentei um grande prazer por ser contemporânea e de fazer parte desse avanço. Eu nada criei para estimulá-lo, contudo, participo dele ativamente. Saí do papel carbono, da máquina de escrever e hoje, se for o caso, não preciso sair de casa para trabalhar.

Atualmente, é tão fácil e rápido conhecer novas oportunidades de trabalho e de fazer amigos, o que nos permite crescer melhor. Percebo como somos coletivos e como sabemos lidar com o momento em que vivemos.

Até na paixão pelo outro, a tecnologia interfere. Na minha adolescência, que até hoje ainda não resolvi, o avanço tecnológico se fez presente. Naquela época, quem me fazia bater o coração era o rapaz vestido de amarelo, que suado,me entregava a carta do europeu com quem eu me correspondia. Legal, né?

E hoje, o grande amor da minha vida, eu conheci por meio de um clique no mouse. Viu como avancei e acompanho o progresso? Engraçado, é que como na adolescência, eu continuo me correspondendo.

A fantasia me leva ao tempo em que as mensagens de amor eram transportadas através dos oceanos. Penso na angústia que seria o retorno da resposta de palavras escritas com tanta afã. E se tudo naufragasse? Nesse momento, me visto de longo preto, insensível à água fria que me rega os pés, com os olhos marejados e perdidos no infinito, que dobra lembrando uma redoma, onde os meus mais íntimos anseios são abafados.

E hoje a gente começa e termina com um simples clique. Você se linka ou bloqueia. Mas, na verdade, o que importa é que o amor navega, voa, anda, flutua em qualquer transporte.

Somos ricos


Aqui, costumamos dizer que o espinho quando tem que furar, do nascimento já traz a ponta. O ditado serve para várias situações: para elogiar, maldizer e argumentar ações de outrem. Para continuar o papo na cearensidade, temos o humorista de Maranguape, Chico Anísio. E vem da lembrança de família, as primeiras pontas de humor protagonizadas por ele.

"Com um ano e oito meses, ele imitou um mata-mosquito capenga que esteve no sítio, em Maranguape, numa campanha de saneamento. Quando o homem ia saindo de casa, o menino saiu atrás, andando do mesmo modo que ele". Declarações da mãe do próprio, a senhora Haidée Paula.

Chico é simplesmente fantástico. Pois não é que ele tentou colocar humor na política econômica? É claro que foi por amor. Porque talento é divino. Competência e compromisso são conquistas individuais.

E eu, desde muito cedo, descobri intimidade com as letras e a partir daí, comecei a sobreviver por meio delas. Escrevia as famosas e famigeradas redações escolares em troca de livros, de merenda e cadernos. Recebia bônus acompanhado de tapinhas nas costas pela conquista da nota máxima.

Vi, sem perceber de fato a minha realidade, porque só agora compreendo, que Deus nos coloca exatamente no lugar necessário. Ao invés de bonecas, brinquedinhos de plásticos, eu me entretinha com leitura.

Tudo merecia a minha atenção até bula de remédio, que tempos depois, por não entender o dialeto dos químicos, larguei de mão. Criei textos e mais textos. Ainda bem que nenhum chegou a ser publicado. Foram tantas bobagens. Não obstante, tão enriquecedoras.

Artes & artes


Eu não entendo artes plásticas. Aliás, não entendo de artes para fazer avaliações e, muito menos, crítica. Mas, como a ignorância é mãe da pretensão e permite, como toda mãe, deixar os filhos crescerem, eu vou comentar o que tenho visto por aí.

Lembro quando iniciava no jornalismo, completamente verde de tudo e recebia pautas para cobrir o cotidiano. Com apenas o nome da exposição(não lembro, por favor, não me cobre) fui topetudamente 'a exposição de artes plásticas.

De cara, me deparei com cerca de 10 metros de plástico transparente, estendido no teto com alguns furos de onde saíam lentamente, grãos de areia. Demorei um tempo, busquei no arquivo da mente o que poderia sair dali. Um pouco mais a frente, baldes cor de laranja, balançavam presos a um fio invisível e que também deixavam cair aos poucos, gotas de água. Consegui atravessar a criação e um pouco mais a frente, pneus amontoados uns sobre os outros. Um pouco mais adiante, pendiam do teto, inúmeros rolos de papel higiênico, harmonicamente soltos, leves.

Eu nunca saí tão frustrada de um lugar. Fui enfrentar o chefe de redação. Supliquei compreensão para algo que não compreendia. Ele, bem mais escolado, salvou-me: Cite a exposição, nomes dos expositores, local, você sabe... Ele falava do básico: o que, quando, onde, como, por que? Respondi quatro questionamentos, porque o último, até hoje não saberia responder.

Eu tenho muito respeito pelo artista. E foi por esse sentimento, que me omiti. E com o correr do tempo o refúgio em outras pautas, acabei deixando a intenção de estudar artes. Como lamento não ter buscado ir além da inspiração.

Pela gentileza



Há lugar para a gentileza no mundo convencional? Antes que você responda, eu digo que as convenções restringem as boas ações. Quer ver? O motorista de um coletivo, por exemplo, se parar fora do ponto convencionado, para receber um usuário de todos os dias que ele já conhece, é contravenção.

O caixa de um banco, supermercado, ou semelhante, atender a sua mãe, amiga, ou amigo, antes que todos que estão na fila. O mesmo caixa largar tudo o que está fazendo para sair de trás do balcão de atendimento e dar um beijo apaixonado no amor que acabou de entrar na agência.

Arrancar uma rosa de um jardim alheio para ser romântico. Aceitar um bombom recheado de chocolate com coco e passas sem dizer que está de dieta ou perguntar quantas calorias contem. E comer gemendo(hummmm).

Pegar sanduíches numa mesa farta de café para levar a um amigo que não pode comparecer porque estava trabalhando.

Jamais recuse ou perca oportunidade de ser gentil. Isso, porque as convenções humanas são falhas e não são gerais. E jamais esqueça de agradecer. É o mínimo que podemos fazer por alguém que se arrisca a contrariar os códigos de convivência.

Racionalizando



Gosto de cachorros mas, nem tanto de gatos, pior ainda de ratos. E na preferência, o latido afasta a curiosidade felina, que por sua vez, dá um basta nos roedores. O primeiro, merece atenção e gastos. Os que vêm em segundo plano, mais higiênicos, vivem à flor da pele e a terceira categoria, comporta os que não são queridos, ninguém os procura, mas sempre estão por perto.

Na vivência, assim dividimos espaço com o que queremos conquistar, com o que buscamos aprender a gostar, e aqueles os quais somos constrangidos a suportar. Na cadeia da lógica, a inteligência humana ganha em competência. No entanto, ninguém consegue saber o que quer o cachorro, que não cheira o gato, que leva a sério o instinto predador.

É como já disseram: "Deus cria e mantém, o homem transforma". Os animais domésticos se "humanizam" sem opção. E para desfrutarem da nossa companhia, viram artigo de luxo. A indústria e o setor de serviços voltados para atender a clientela, cresce cada vez mais. Já os roedores apenas ganham essências mortíferas.

Enquanto isso, em nome do progresso, o homem por ignorância caprichosa transforma os rios, mananciais de pura vida, em cemitérios. É uma pena que os peixes, fonte de alimento, não tenham o mesmo tratamento.

O que será?


Há 30 anos, o mestre da letra musical, Chico Buarque, lançava um álbum, quase fiel à riqueza de criador compositor que ele é. Digo, quase porque nenhum de nós consegue se mostrar por completo. Não por medo, por ser misterioso, mas por falta de conhecimento próprio.

Agradeço ao Chico por ter surgido nos meus 20 anos, período em que eu não estava mais perdida de mim por falta de espaço. Eu simplesmente me ignorava. E aquele moço de olhos que nos dá esperança, se debruçava sobre o íntimo da sociedade.

No álbum em questão, tão atual, ainda nos deixa sem respostas para muitas interrogações. O que será(à flor da Terra), é assim. E, eu atrevidamente, vou analisar o seu recado.

Na primeira estrofe, Chico chama atenção para a necessidade do amor verdadeiro. Apesar da lasciva, o amor é o principal fundamento para que o encontro dos corpos transcenda, atinja o objetivo de representar a união.

Exorta para as combinações feitas às escondidas, na escuridão do desconhecimento, da verdadeira importância do Eu. Assim como a luz que o conhecimento e a importância pelo outro, sugerem.

Fala sobre a grita, do falatório dos queixosos e da efervescência da nossa insatisfação. Do afastar do equilibro natural do universo. E que, sem a busca, jamais teremos certeza do que virá, porque para a maioria de nós, ainda, o advir é um mistério. Fala sobre a inexistência da fé, para a materialidade do mundo, na dúvida de que continuamos.

Já na segunda segunda estrofe, expõe as promessas no afã da emoção, esquecida por nós, quando flagramos no outro o contraste para o perfil desejado, pura fantasia nossa.
Exalta a fé, que vai consertar tudo, no Deus dos momentos de socorro e na ilusão nossa de melhoria sem trabalho. Diz que na sobrevivência somos todos iguais. Não importa de que lado estejamos. Se com a arma na mão, ou sendo o alvo.

Aponta, o que nos dita a falta de alternativas nos momentos de angústias em que nos colocamos, esquecendo-nos de que para sair precisamos por um pé na frente do outro.

Na terceira estrofe, Chico me faz lembrar o mestre de todos os mestres: “que me ouça quem tem ouvidos”. O nosso dia-a-dia com as missões e provas. E a continuidade da mesmice para os que ainda não vislumbram saída.

Estampa a providência divina perene, contínua, abençoando a todos, atendendo a todos por igual, dentro das suas necessidades. Mesmo para aqueles que nada muda, que o homem não transforma, não se transforma. E que a justiça se faz promovendo um reencontro futuro, de todos nós.

imagem publifolha.folha.com.br

Bobagem é calar, rir é preciso

Preciso exercitar muito a tolerância. Nada mais me incomoda do que responder o óbvio. Eu não sei por que motivo eu fico de bico com perguntinhas fora do tom, do tipo, vai sair? quando alguém me vê com a chave na mão, fechando a porta e com os dois pés já na calçada.

Mas isso não é coisa de cinquentona, não! já faz tempo que sofro do abuso. Não consigo conter, por um momento, o mal humor(coisa rara na minha vida, mas que acontece), quando alguém me ver chegar e salta - oh, você chegou?

Pra mim é incompreensível o mal estar. Ainda bem que consigo emudecer a resposta. Se as pessoas ouvissem, com certeza perderia a amizade de muitos. E veja aí como sou mascarada. Não gosto e finjo não me incomodar. Entendeu por que preciso de uma ouvidoria?

Na maioria dos dias da minha nem sempre pacífica trajetória, calei seco, engolí o caroço da resposta mal-criada e me fingi de boazinha, falando exatamente o contrário do que o cérebro teimava em expor.

Por isso, mais uma vez admiro a formidável criação. Como é possível, sem fazer quase nenhum esforço, pensar algo insistentemente, e responder um outro pensar, sem deixar perceber a emoção? Aí, a dissimulação é providência divina, também. Que Deus me perdoe por mais uma bobagem escrita.

Agora, se você é do tipo que não consegue calar, precisa responder e tem dificuldades de escolher as palavras, há muitas alternativas. Uma delas é procriar frases feitas e cultivar o bom humor.

Por falta de assunto, hoje estou com prosopopéia flácida para acalentar bovinos, num colóquio sonolento para gado bovino repousar.

Mas negar oportunidade de dar boas gargalhadas ao internauta que me prestigia, não deixo mesmo e não vou sequer, considerar a possibilidade da fêmea bovina expirar fortes contrações laringo-bucais Porque rir, ajuda a deglutir o batráquio.

Para entender as últimas frases, divirta-se no sítio bem bolado.

Homenagem do Pensar para aquele que fez rir e, acredito, que desde o seu nascimento, Espanta a tristeza.




Preciso de uma ouvidoria


Vou criar uma ouvidoria para mim. Mas, é só para ouvir o meu íntimo. Estou tentando ser leal comigo. Pensa que é fácil? É um exercício lento, gritante, enquanto que para os outros, irritante.

Sempre reclamei lealdade, mas na maioria das vezes fui cúmplice. E como dói. Vi que ficar calada diante de uma situação constrangedora nem sempre é sapiência. Pelo contrário. É deixar escapar oportunidades de recuperar a fonte da verdade perdida no ego.

E quando falava, digo melhor, reclamava, quem queria me escutar? Nem euzinha. A medida que mergulhava no self e me deparava com o que considerava arquivo morto, quanta decepção! E para não continuar sofrendo, fechava, interrompia o dowload. Criava uma outra pasta tipo aquelas portas com dizeres não entre.

Mas, é tudo uma questão de aprender conviver consigo. Não gostou? Reclame! Mas, hoje escolho o tempero que acompanha o molho. Antes, irritada, raivosa. Hoje, mais amena, não menos incisiva, mais sóbria, menos arisca.

E sinto um prazer enorme quando sou atendida. Hoje, mesmo experienciei a glória. Cobrei ação imediata contra a fumaça que invadia minha casa, no momento em que preparava o almoço.

Prontamente, sem falar, o incendiário e esquecido de mim, o vizinho, apagou o fogo antes de queimar a paciência. Mas, tenho argumentação: a fumaça, por menor que seja (aqui eu medi), me deixa sem respirar. E eu vou morrer só porque você quer?

O vizinho (nem vizinho, de fato é) que nem me conhece, atendeu. Eu espero, sinceramente, que ele se lembre que a casa desocupada é a dele à espera de comprador. A minha e as outras do quarteirão estão devidamente ocupadas.

Moro em casa com cultura e traumas de apartamento. Nem sempre tive boa vizinhança. Mas isso, é outra história.

Segredo não se revela


Não acredite na revelação dos segredos. Algo secreto jamais é desvendado, por isso o nome. E a mídia se utiliza da curiosidade para fazer sucesso. Se não vejamos: as revistas de fofocas, que se intitulam conhecedoras da vida particular e dos segredo de pessoas famosas, usem o artifício para vender.

Quem não quer saber o que anda no íntimo de alguém que se revela tentador, e de sua intimidade? A artimanha não é só da imprensa. A TV também colabora. São muitas as opções. E como vasculham. Até o lixo das beldades serve de argumento para matar a nossa curiosidade.

Eu sempre tive cautela com essa devassa. Fico me perguntando por que não entrei na onda, e não fui querer, saber, por exemplo, por que o casamento de Nicolas Cage (olhos tentadores) e da filha do Elvis Presley durou tão pouco. Ou melhor ainda, o que provocou o sorriso de Monalisa.

E o que me importa, mesmo? Tinha um desejo, logo no início da carreira, digo, logo que concluí o curso de Comunicação Social na UFC: escrever para alguma revista. Não o fiz até hoje. E quer saber? a vontade passou!

Um dia estava ouvindo um texto, que falava sobre a providência divina e a importância do não de Deus. Era uma história resumida de alguém que buscava mudanças, principalmente materiais, e não obteve. Em seguida, a constatação consoladora indicava que tudo teria sido bem pior, caso as súplicas aos céus tivessem tido retorno.

Hoje nada mais é mascarado, digo, secreto. As estrelas desnudam suas emoções mais egocêntricas. Revelam as dicas e se tornam mais populares dando receitas de guloseimas, que alimentam a gula e emagrecem.

Sobre maquiagens, sobre músculos, sobre vestuários, e, como não poderia deixar de ser, o mal utilizado sexo.

Para muitos de nós, ainda, a providência é um mistério. E não sabemos se Deus escreve em linhas tortas. Talvez seja uma vontade imensa que temos de chegar mais perto, humanizando-o.

Comenta, vai!


Tenho obras na mente, mas inacabadas porque não estão escritas. Isso, porque dá preguiça arranhar a memória. Dei início a dois pretensos livros: um, contando a minha experiência na rádio O Povo(Eu e a Am do Povo) e o outro, sobre a minha vivência com as minhas amigas(Pela amizade). Perdi os dois já iniciados. E agora, só na vontade, hibernam na frieza da indisposição. Mas, estão prontas, porque já nasceram assim.

Sempre quis ser escritora, sonho acalentado com o ensaio nas primeiras letras. E foi tudo tão inusitado: aprendi a escrever, cobrindo, e depois, copiando, palavras nas embalagens de macarrão. Esta lembrança, espantou a preguiça!

Por momentos, pretendo reunir os escritos neste espaço e consumar o desenho de adolescente. Mas, fico me perguntando quem gostaria, além dos amigos, de ler a idéia configurada nos meus propósitos.

Há uma infinidade de obras fantásticas, qual roteiro de prioridades, seguiria a minha? É por isso, que ao acessar o blog, busco algum comentário para alimentar o meu ego de escritora.

Ora, o feedback se faz necessário! O internatura que bem soubesse, deixaria um comentário nem que fosse de apenas uma única palavra. É para participar da leitura e do pensamento. Já perdemos muito tempo nos omitindo da vivência.

É como o âncora de um programa de rádio. Ele sabe que é ouvido, mas a satisfação só se constata, quando o ouvinte participa. No blog, o comentário sustenta a produção.

Pronto! levantei a bandeira. Comenta, vai!. Isso, porque assim exercito a humildade.

Não tive casa na árvore


O comportamento dos americanos merece comentários, como o nosso. E um deles é a prática das crianças de terem casas nas árvores, fato constatado nos filmes que vejo na telinha.

Pensando na forma dos homens desta Casa, verem a vida, cismo o pensar nos
provérbios. É uma riqueza sem tamanho. Peço licença aos chineses para
utilizar os seus ricos “ditados”.

Quando ganho as ruas, sempre guardo o incômodo de vê-las sujas. Não
estou cobrando ação da prefeitura, que não dá conta do mau hábito dos
moradores de deitar às ruas, o que não quer em casa. E se você quer manter
limpa a sua cidade, comece varrendo diante de sua casa
.

Antes de sair de casa, despeço-me do meu cãozinho, filhote de poodle com
maltês, que está aprendendo a fazer festinha com a nossa presença. Diante da
retribuição do carinho, observo que o cão não ladra por valentia e sim por medo.

Os filhotes nos ensinam a amar e não nos custa muito. Afinal, a gente todos
os dias arruma os cabelos: por que não o coração?
O nosso pequeno animal foi presente para o neto Victor, que vi nascer e acompanho o seu crescimento e espero alimentar nele o que há de melhor. O grande homem é aquele que não perdeu a candura de sua infância.

Eu sempre apostei na plantação da boa semente, até mesmo quando não lavrava as ações expontâneas. Era mais de falar do que fazer, mas agora entendi que a língua resiste porque é mole; os dentes cedem porque são duros.

Não reclamo o que pode ser chamado de fraqueza, mas sei que em muitas ocasiões fui covarde. E hoje, ao folhear a história da minha vida, inspiro-me na
verdade de que não há que ser forte. Há que ser flexível.

Um anjo invisível, amigo presente, dizia-me sempre jamais se desespere em meio as sombrias aflições de sua vida, pois das nuvens mais negras cai água límpida e fecunda. E neste momento, olhando para trás, mais uma vez, vi o caminho percorrido porque já sabia que a longa viagem começa por um passo.

E depois de ter lido, novamente, sobre o novo recurso da Justiça, mantendo a
suspensão da obrigatoriedade do diploma de jornalista para exercer a
cobiçada (não sei porque razões) profissão, traduzo o momento: Não basta dirigir-se ao rio com a intenção de pescar peixes; é preciso levar também a rede.

Por razões óbvias, nem sempre sou fiel ao meu pensar. Na verdade, temo
cometer pecados contra algo que não conheça. A palavra é prata, o silêncio é ouro.

A mulher do padeiro


Eu realmente não gosto de Carnaval. E quer saber? Acho ótimo Fortaleza não ser a capital da folia. Ainda bem que tiraram o Fortal da avenida Beira-Mar, aquilo é uma loucura sem tamanho, pra não dizer ilógica como toda louca ação.
E você vai me perguntar por que diabo estou falando em carnaval quando a festa maior que se aproxima é o Natal. Acontece que viajar na Internet é ter a oportuna vantagem de conhecer sítios maravilhosos.

Estava, como sempre faço, consultando o meu jornal preferido, O Povo, e vi uma nota curiosa, comentando sobre o destino e a confusão de uma marchinha de carnaval, lá nos idos de 1940, A mulher do Padeiro, de autoria de Germano Augusto, J Piedade e Nicola Bruni.

Caso queira, você também poderá cantarolar e se divertir com outras marchinhas como a Mulher do Leiteiro, Chica, chica boa, dentre outras.

Realmente, se estivesse na Terra naquela época, com certeza teria saído pelas ruas rebolando, cantando e curtindo romanticamente a festa, que era, já foi, popular.

Hoje, quem se arrisca a ser “pipoca” e ser devorada com o sal do suor e a gordura dos dedos leves que lhe subtraem documentos, dinheiro da cerveja?

Lei obriga homem a lavar pratos?


Um projeto de lei no Uruguai obriga marido a dividir tarefas domésticas e a cuidar dos filhos, sob pena de ter que enfrentar o processo de divórcio por justa causa. Lembro que a mulher sempre afugentou o homem da cozinha sob o pretexto de que esse seria um lugar exclusivo dela e que o homem atrapalhava mais que ajudava.

E a cultura de que lugar de homem não é na cozinha, foi tomando corpo. Resultado: as mulheres já nasciam domésticas. É por isso que as bonecas e os fogõezinhos de plástico faziam e fazem tanto sucesso. E os meninos continuam ganhando bolas e carrinhos.

Mesmo assim, é possível reconhecer que no Brasil os homens aos poucos ,acordam para a necessidade. Muitos já são pais-mães e babás com muito molejo. Estão descobrindo o prazer de passar as noites acordados, trocando fraldinhas, esquentando mamadeiras, levando a criançada para a escola, tarefas antes exclusivas da mulher.

Retrospéctiva


Daqui a pouco estaremos em 2007. Mas, não sinto a vibração que costuma me acompanhar nesse período. Sei que a mídia já deve estar preparando a retrospéctiva do ano, com os fatos mais marcantes e,quando penso nisso, lembro que as tragédias do ano estarão novamente no ar.

De minha parte, vou começar a fazer a minha retrospéctiva. Refazer gavetas no armário dos dias que passaram. E nesse exercício, me desfazer das peças que não uso e por razões ainda não analisadas ainda estão comigo.

São aqueles sentimentos que travam a alegria e, muitas vezes, tingem de cinza matizes da felicidade amiga. São os fatos alheios à nossa vontade. Como a foto ao lado sugere, crianças ao abandono, num caminho conhecido da miséria.

Quando olho para o rostinho de uma criança carente e flagro um sorriso expressivo, percebo que ela não se deu conta ainda da miséria que a persegue.

Ano novo é vida nova, sim! É com altruísmo que vou rebuscar na memória os valores do pensamento que deve ser destinado ao outro.

Sei que nada de espetacular protagonizei, mas neste ano, mais uma vez, experimentei o prazer do trabalho voluntário. Estou ainda engatinhando com relação a isso. Sigo o pensamento de um amigo que diz "se não pode fazer o edifício, não negue o tijolo".

Mas, de uma coisa me sinto liberta: não vou consultar oráculos, muito menos astrólogos para saber o que de bom virá. Sei que esse caminho seguirei pegadas muito melhor definidas.

Amar emagrece


Quer emagrecer, sem sacrifício, sem ficar com cara de doente? Aprenda a amar. Esse exercício deve ser constante, porque ainda estamos no aprendizado.

Levante-se cedo e vá para cozinha preparar o café para o amor da sua vida. E isso, inclui frutas. Prefira as da estação, aquelas que encontramos em fartura porque o preço é menor.

Arrume a mesa com carinho e coloque nela todo o serviço de casa. Não guarde os melhores para as visitas. Use tudo que você merece.

Arrume a cama, troque os lençóis. Não deixe para o dia de festas aquelas fronhas maravilhosas rendadas.

Tenha filhos, os quilos que você adquirir vai perder fácil cuidando deles. Passando as noites acordadas, dando de mamar, lavando as roupinhas, mantendo a casa limpa e em ordem.

Páre de reclamar. Olhe-se no espelho e ame-se. Agindo assim, você será cada vez mais bela. A roupa ficou apertada depois da chegada do bebê? Doe! Não se torture porque o soutien disparou no número. Curta este momento maravilhoso da natureza. Alimente o seu filho.
E acredite, seios que alimentam não perdem a beleza.

Faça caminhadas dentro de casa, dispondo a posição dos móveis. Está começando a ter sentimentos de escrava doméstica? Ponha isso pra fora. Ter casa é uma dádiva e, se for completa, um grande privilégio social.

Quando sair, divida a pizza, assim combate a metade das calorias.

E se a saudade vier, curta bem! Isso também emagrece. Faz você ficar longe das guloseimas.

Faça força dê abraços apertados todos os dias. Quer ginástica maior do que manter boa relação?

Cuidar do outro não só emagrece como nos põe em dia com os nossos melhores sentimentos.

E acredite, o maior banquete do mundo é a vida E são tantos que passam fome porque não aceitaram o convite...

Magreza, rima, mas não é beleza


Já deu para perceber que desgraça não anda sozinha. Agora são duas mortes causadas pela anorexia, nome mais ou menos chique, para falar sobre algo que o interior nordestino conhece como ninguém.

Todo mundo magro, ou melhor esquelético para estar na moda. Eu já disse aqui que somos ilógicos, e torno a repetir. Fico me perguntando quem começou com a exigência da magreza, responsável pelo sacrifício de tantas meninas, que sonham com o sucesso.

Não há dinheiro que pague o sacrifício da fome submetido a elas.

Eu cresci sabendo que não há comida em casa se não tiver renda para isso. Essa seria a lógica de mercado. E quando há dinheiro suficiente e a pessoa não come?

Mais uma vez, cobro da mídia espaço para falar de coisas construtivas como programas de alimentos desenvolvidos por nutricionistas. São esses profissionais que levam a sério a necessidade do corpo, mas que, na maioria dos casos, só são procurados pelos que já cometeram vários pecados contra si e quer fazer as pazes com o organismo.

Considero que esse é o momento oportuno para darmos feição diferente às inúmeras propagandas de produtos milagrosos, que emagrecem em poucos dias ou algo semelhante. E no lugar desse apetite descomunal do lucro das empresas, seja priorizada a vida. E há como fazer.

O Senai e o Senac, por exemplo, praticam educação alimentar, sem que para isso seja necessário gastar dinheiro. E sabe por que? porque utiliza o que a gente, todos os dias joga fora. Apesar da importância vital, o programa só é veiculado em TVs educativas, aquelas, que não dão "ibope", por absoluta falta de estímulo.

Quer saber se estou revoltada? Eu diria que não. Eu estou estupefata, para ser sincera.

Na foto acima, Carolina Reston, modelo que morreu de infecção generalizada, conseqüência de anorexia nervosa.

Ser jornalista é um fato


Eu jamais entraria num hospital, colocaria luvas, máscaras, e de estetoscópio no pescoço sairia "consultando" e examinando pacientes.

Também não iria ao fórum representar alguém vítima de calúnia ou autor de crimes.
Como também não iria "desenhar" um prédio e comandar obras arquitetônicas.

E ainda, não iria colocar a toga e proferir sentenças.

Agora, qualquer um desses profissionais, desde que se entendam com as letras, podem tomar o meu lugar no mercado já estrangulado da comunicação.

Aff!!!

Perguntas que não calam


Estava lendo blogueisso e vi interessante texto que Roberto traduziu.
Fala sobre cinco perguntas dificeis de responder para a mulher:
1.O que você está pensando?
2.Você me ama?
3.Eu estou gorda?
4.Você acha que ela é mais bonita que eu?
5.O que você vai fazer quando eu morrer?

Como mulher, me coloquei no lugar da possível interlocutora. Essas perguntas, que não querem calar, acontecem quando a relação está por um fio.
Sabe, aqueles momentos em que pensamos em continuar junto a uma pessoa que aos poucos está se tornando uma estranha?

Aquela pessoa que limitou tanto as frases, que se tornaram antipáticas para responder. Sinal de que, apesar de estarem juntas, não olham para o mesmo objetivo.

Eu sei , e falo de cátedra.

Não fiz todas as perguntas. E o se o homem soubesse, como são importantes
essas questões, com certeza, não responderia com desdém. Pediria um tempo para
responder. Isso, porque, com certeza, a pergunta tem uma razão de ser, e no
minimo, é porque o prazer de estar juntos já foi substituido pela forma
cômoda da dor de continuar.

Pra mim, as perguntas a seguir, são as que constatam fim de relação:
1. Aonde você estava?
2. Você jantou?
3. Estou saindo com uns amigos, quer ir?
4. O café não está pronto, ainda?
5. Pô, quer me controlar, mesmo?

Estes questionamentos, sem respostas minhas, já ouvi. Você acha fácil
respondê-las?

Espécies em extinção



Eu sempre me incomodei com gaiolas. Não suporto ver pessoas engaioladas, mesmo sabendo as razões. Devem ser seqüelas de outras vivências, paisagens, que me deixam profundamente tocada. E é também com o mesmo desconforto que olho para os pássaros em gaiolas, seres naturalmente livres, por isso alados.

Eu nunca entendi a razão de alguém tomar para si cativo, o que lhe dá prazer. Pra mim é morbido. As aves já nasceram libertas, ganhando espaço. "Olhai as aves no céu" já dizia o mestre, pois assim é o que determina o grande autor da natureza.

Reclamamos que os bons momentos são efêmeros, passam rápido demais, que o prazer é fortuito. É porque nós, também seres libertos, experimentamos a felicidade nos momentos de liberdade. Criar ou ler um texto gostoso é uma sensação ímpar, por exemplo.

E de repente, devido à ação nossa, esquecemos que a destruição é uma lei natural, acompanhando o progresso do ser vivo. O que não impede o pensamento de pedir socorro para as ínumeras espécies ameaçadas do Planeta.

O grupo ambientalista WWF alerta: cerca de 72% das aves estão ameaçadas por conta do aquecimento global.

Para muitos, o fato é apenas um processo natural que nunca os atingirá. Para esses, eu chamo atenção 'a realidade. Vivemos em ciclos e o que acontece em qualquer lugar, por mais que seja distante, nesta Terra, nos atingirá.

Apesar de a criação ser infinita e constante, não é menor a nossa responsabilidade. Quando olha para o céu, o que você espera ver?

Praias, pra que te quero


A caixa postal recebe tudo. E é uma excelente opção para quem quer propagar produtos e avaliar comportamentos sociais. Por ter mais de três endereços eletrônicos eu vivo sobrecarregada.

Também pudera! Há e-mail para tudo e o trabalho que tenho é marcar e deletar. Processava assim, hoje cedo, quando recebi e-mail de alguém solicitando-me que respondesse um questionário. Se fosse prova para seleção, com certeza, estaria perdida. O conteudo da “cartinha” era para que eu avaliasse o Beach Park. Não deu. Eu não conheço e por isso, respondi, amigavelmente: Oi colega, realmente não posso responder porque não conheço o local. A minha grana de jornalista, provedora de casa, não me permite. Mas, sabe que isso não me frustra? O lugar é para ricos.

Eu sei, eu sei que muita gente mais ou menos bem, e outros não muito bem vão lá de vez em quando. Adquirem o cartão que permite descontos... e essas coisas todas. Mas, tô fora! Eu não posso gastar num dia, o que me vale comprar ou pagar algo mais prioritário. Os meus filhos conheceram bem cedo ainda, através dos pacotes das escolas. Que também não foram baratos.

Lembro o tempo em que eu achava chiquérrimo ser sócia de clubes. Aqui em Fortaleza, os clubes representavam status muito maior do que hoje, que quase não se ouve falar. O Beach Park está nessa constelação: é o clube social da nossa época.

Ser sócia de clube já chegou a ser meu sonho, mas antes que eu desabasse por conta da falta de oportunidades, vieram as barracas nas praias. Ah, aí sim, eu já podia freqüentar e curtir tudo que tinha direito. Porque ser cearense e não curtir o mar, provar das delícias marítimas, é um desperdício. E a praia é, acima de tudo, democrática.

Mas praia também tem grife, gente. Eu sou adepta da grife que sai da prateleira e vai para o estoque. Afinal, qual é a mulher que não curte uma liquidação? E eu não permito que me digam o que devo vestir. Já pensou o quanto deveria, se assim permitisse? E também por que desperdiçar uma criação, só por conta da mudança de estação?

Mas o que eu mais quero ver são as jangadas do meu Ceará, levadas pelos fortes pescadores, que são capazes de vencer o desafio do mar, mas que sofrem terrivelmente em terra. Vejo que as características da minha terra são ricas para empolgar as letras, o romance, mas não garantem a sobrevida.

Ainda bem, que hoje sei que a verdadeira alegria, a verdadeira riqueza são os tesouros do coração.

Pelo livro



O que não é vendido, neste país, com recurso do corpo da mulher? Eu diria que são livros. Será que é por isso que tão poucos têm acesso?

E que tal se as mulheres de corpos reciclados, fantásticas, posassem nuas sobre livros, no apelo de que é preciso ser culta para mostrar o corpo? Não, acho que seria melhor, no apelo para mostrar que além de ser linda, fantástica, tem que ser culta.

Ou ainda, não olhe apenas para o meu corpo mas, descubra-me, imitando a esfinge? Ou seria melhor dizer, que além do que você vê, eu tenho muito a ser mostrado? E que tal os escritores sensacionais deste país, passarem por uma transformação? Alguém diria que isso é ridículo. E pergunto: quando não somos?

A beleza do corpo é uma cultura desvalorizada. Quando chega o tempo, nem a melhor tecnologia da plástica irá nos modificar. Então, que tal melhorar o espírito, de fato, e sair depois em busca de um corpo novo. Iniciar tudo outra vez?

Mulheres, posem nuas abraçadas a livros. Vocês vão agradecer aos excelentes escritores, aqueles homens e mulheres, que se trancam no poder criativo, deitando olhos no monitor para criar um mundo fantástico, presos a um quarto ou escritório, considerando que o daqui de fora está completamente nu de bom gosto.

Eu até gosto de olhar um corpo perfeito, quem não gosta? Mas, depois de algum tempo de papo, eu me pergunto se quando a resistência ao tempo cair, qual seria a obra imortal?

Se eu fosse primeira dama por um dia


Li há pouco, no O Povo, que o presidente da Câmara dos Deputados, Aldo Rebelo(PCdoB) vai assumir a presidência do país, na próxima segunda-feira.

Repetindo o que fiz domingo, passado, vou me vestir de primeira-dama, de novo. Só que desta vez, é só por um dia. Mas, iria entrar na história, mesmo assim. E um dia é muito tempo para se ocupar um cargo tão ventilado, tão mal falado, tão importante, tão...

Já na véspera, eu não me ocuparia de espalhar a notícia, esse papel já coube à imprensa . Tudo bem, então. Mas, o que faria mesmo? Sentada e centrada em mim mesma ficaria cismando o que poderia fazer uma primeira dama de um dia, apenas?

Será que me entrevistariam? O que diria? Seria melhor ficar calada e dar um tchauzinho e sorrir. Ah, isso seria muito bom. E se me perguntassem com relação ao fato histórico do meu marido ser presidente 24 horas(lembrei da série da Fox, agora). Mas, claro que é história. Outro comunista já teria assumido a direção do Brasil?

Acho que não! mas é melhor verificar. Pensando bem, iria precisar de um assessor. Vão falar mal de mim, por conta disso? A imprensa é tão cruel, às vezes....

Conhedora das dificuldades da minha Terra, aconselharia, na intimidade, que ele(o presidente) visse alguma forma de minorar a vida dos mais necessitados. Mas, daria tempo?

E se ele pudesse, por decreto, ou seria Medida Provisória, instituir o fim da pobreza? E se eu pudesse visitar todas as favelas, todas as ruas esquecidas dos órgãos governamentais? Será que daria tempo?

Vinte e quatro horas passam tão rápido! Será que ele olharia para mim? Conversaria comigo? deixaria escolher o seu melhor terno? Tomaria café comigo? Almoço, nem pensar! e o jantar, convidaria algum amigo para compartilhar?

Como seria a emoção do meu marido, presidente 24 horas, ao entregar o cargo? Ele me abraçaria pela manhã?

Puxa, que cargo complicado, até imaginá-lo por um dia, já me deixou estressada e também curiosa. Fuçando na Net, veja o que encontrei. E pois não é que descobri que existe algo em comum entre a minha imaginária vida e a realidade? Olha aqui.

Percebeu?

Fora exclusão!



Eu não faço idéia do quanto este país arrecada. Economia política ou política econômica foge à minha compreensão. Primeiro, são números demais, e quem me garante que os apresentados, são reais? Ora, a gente erra até na divulgação! Por que não duvidar?

Sempre que posso, digito a mesma tecla, cobrando atenção à educação nossa de todos os dias. Os números apontados pelas pesquisas apavoram. Tomemos por base o que diz o deputado federal eleito, Ariosto Holanda, em artigo publicado pelo jornal O Povo.

No texto ele chama atenção para o aumento da exclusão da maioria dos brasileiros. O deputado tomou por base pesquisa realizada pelo Instituto Paulo Montenegro, na publicação do 3º Indicador Nacional de Alfabetismo Funcional. Diz ele:

"Na população de 15 a 64 anos existem 114 milhões de
brasileiros, dos quais 10 milhões são analfabetos, 35 milhões têm um nível muito baixo de escolaridade, 41 milhões estão no início da alfabetização e somente 28 milhões têm qualificação para entrar no novo mercado de trabalho que exige conhecimento"

E depois nós consideramos grande o número de faculdades e universidades que proliferam iguais ao número de farmácias. Mas, alguém já mediu o conteúdo de aprendizado dos meninos que pagam fortunas pelos cursos? De vez em quando tenho a oportunidade de ver o trabalho de alguns estagiários.

Quer saber se eu me arrepio? Claro! Bem que poderia deixar pra lá e pensar egoísticamente que o mercado está estourado, sem vagas, e concorrente ruim, é um a menos. Só que o problema é bem mais profundo.

Em casa, os pais que trabalham feitos loucos para manter a escola privada, correm o risco de ter os filhos fora do grupo dos 28 milhões de profissionais qualificados. A quem cabe responder por isso?

Eu, sinceramente, culpo às escolas, que deixam muito a dever na formação do cidadão. Você acredita que já ouvi de uma professora que cabe única e exclusivamente à família formar o cidadão? Então, devolva o meu dinheiro que vou investir em livros, sentar com os meus filhos, discutir "as lições" com amor(isso a escola não dá mesmo).

Você pensou em exceção? É claro que tem. Mas, educação é regra.

Eu quero muito que algum professor leia e me conteste. Aliás, torço para que a contestação seja geral e eu, sozinha, seja a única que não entendeu.

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Eu também quero abraçar


Idéias boas, a gente propaga. Um grupo de jovens espanhóis lançou a campanha do abraço.

Antecipar os cumprimentos do Natal, sem tapinhas nas costas, por favor!

Abraço é energia. É troca de afeto. É doação. Lembro que só descobri o prazer do abraço, há pouco mais de três décadas.

Mas, agora, não! venha cá, receber o meu abraço.


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Não disse que a vida é uma nó vela?



Deus nos acuda! A violência está cada dia mais próxima de nós todos. Andar de ônibus, de certa forma já é uma violência. Lotados sempre, somos constrangidos a nos espremer, e ainda, corremos o risco do pecado capital, protagonizado por assaltantes.

Passo poucos minutos na lotação, e não me imagino(bato na madeira, porque vale tudo, até superstição) presa horas a fio, sob a mira de uma arma.

Fico me perguntando quando faremos o mergulho em nós mesmos, para ver no espelho mágico, o desperdício de tempo e de energia, mergulhados no pantanal dos vícios.

Enquanto isso, uma vida de felicidade nos espera.

imagem Uol notícias

Se deixar, o vento leva!

  De vez em quando faço uma ligeira pesquisa por aqui, neste espaço.  É tão bom ler o meu pensar de alguns anos.  Este blog tem me acompanha...