
Dizer que não aprecia futebol no país onde a bola comanda multidões é se expor demais! Não é que não goste, de fato, não sou tão indiferente quando o Brasil se pinta de verde e amarelo e o estoque de cerveja é ameaçado. Não corro atrás da bola e, muito menos, da bebida.
Em outras copas do mundo participei de torcidas organizadas reunindo amigos e familiares. Corri atrás do Ronaldo, senti suas dores, e gritei os gols que ele fez. Não tenho o nível de compreensão para perceber o fanatismo que hoje tomou conta e comanda os ânimos nos estádios e fora deles.
Mas também não posso ignorar os efeitos que o futebol espalha. São milhares de famílias que dependem dele. É na prática do jogo com a bola que são recuperados jovens sem perspectivas e leva a esperança a muitos lares. E muitos que não tiveram oportunidades nas escolas, tem no campo o seu espaço para se sentir cidadão.
Os jogadores se tornam ídolos de multidões. É neles que o assalariado encontra refúgio para a sua alegria, descontração e raiva. O torcedor sempre quer ganhar. É nesse misto de amor e ódio que o brasileiro se equilibra. Com o mesmo ardor que aplaude o seu time, xinga pelos erros cometidos.
Já disseram que o futebol é o maior vício, mas vejo como uma profissão de fé. Percebo em mim uma torcedora. Torço pelo crescimento desses meninos e meninas que buscam no esporte o seu maior objetivo: ser gente com direitos e garantias.
Se o nosso destino é ganhar as alturas, que venha a próxima estrela.