Fico estranha quando adoeço de corpo. Vejo-me forte, galopando em paragens verdes, maravilhosas, crinas ao vento. Ninguém me pega!
Sob os cascos, a areia cede à minha impulsividade. Sou forte, bela, dorso brilhando pelo suor não sentido. Desejada por olhares infinitamente maliciosos.
Fico assim, nas patas traseiras, desafiando a física e a autoridade do homem. Quando forte e ágil desejo de fortuna e fama. Uma vez machucada, estorvo. Nada mais me resta a não ser o sacrifício.
De volta, abatida em duas pernas trêmulas, sou humana de novo, sem o vento da liberdade, presa ao leito com uma vontade enorme de trotar. Ao largo, sem o verde e o brilho da fama.