Dá pra correr?


Se correr o bicho pega, se ficar o bicho come. Chavão oportuno para comentar sobre os humores da economia do País, depois que o Senado atendeu ao apelo de muitos brasileiros e rejeitou a prorrogação da CPMF. Pois é, e agora?


Lembro que muitas vezes reclamei da tal cobrança, que não importando o quanto eu tivesse que gastar, ou pagar, ou ainda, investir, lá estava o desconto compulsório, com uma pontualidade matemática lógica, precisa, mas longe de atender para que veio.


A contribuição, que era para ser provisória, ficou por um bom tempo, acalentada por várias razões e um dia - porque tudo tem um dia, um prazo de validade - ao invés de terminar, é rejeitada. O diabo é a palavra rejeição, que veio completar uma campanha de socorro para saúde no País, mas que foi rejeitada com uma doença ruim, de longa duração.


Quase lamentei o fim da CPMF, mas não era provisória? Este não foi o argumento para sua criação? Agora, quando for retirar dinheiro no caixa eletrônico não lerei mais o aviso de um desconto futuro - aliás, que satisfação sem conforto - no papel amarelo.


O pior, é que logo vem os analistas financeiros falando que o mal é necessário e que outros inventores econômicos já estão se preparando para dobrar o que já somos constrangidos a pagar. É como fazer favor para preguiçoso: vira obrigação.


Eu queria tanto, em muitos momentos meus, não entender o que falam, o que dizem. O diabo - e a neurolinguistica explica - sempre escuto o que não diz o repórter; sempre leio o que não escreve o redator e sempre vejo o que não mostra o âncora do telejornal. É isso: entrelinhas, linguagem sublimar.

O valor da mensagem


Gosto do mês de dezembro mesmo com tudo o que representa na questão consumista. Mas, o que mais quero curtir é o momento, que dura 31 dias, de querer chegar mais próximo, até mesmo daquelas pessoas que a nossa intolerância desafia a distância física.


Neste período costumamos enviar mensagens, que se não representam o nosso mais íntimo desejo, pelo menos é uma tentativa de dizer que a mágoa já não mais existe. Que a inveja está mudando; que a raiva já passou e que é possível sorrir diante do azedume, sem desmascarar a dor que lateja e faz chorar.


Recebo muitas mensagens que me convidam a pensar, a refletir, a desejar o bem, o melhor para o "autor" dos pensamentos. Gostamos de copiar palavras que expressam sentimentos, que não se expressam expontaneamente.


Lembro que na adolescência era assediada por amigos - porque tinha facilidade de escrever - para colocar no papel o que eles sentiam, mas que não conseguiam expressar nas letras.


Percebi desde cedo que costumo ser mais suave ao escrever do que ao falar, a começar pelo timbre de voz. Aqui sempre busco defesa: não sou grossa. Sou enfática ao falar. Incisiva ao defender o que acredito e por isso mesmo alvo de tanta atenção. Mas isso não quer dizer que não saiba diminuir o volume da voz e adotar uma postura mais dócil, quando diante da emoção estimulada pela simplicidade da fala dos que me amam.

Porque o antigo vive


Sinto uma enorme atração por prédios antigos, chamados de velhos porque estão no abandono. Não é nostalgia o pensar, mas uma necessidade básica de mostrar - a nós que dependemos da matéria - de ver sempre para alimentar a memória.


Fui assaltada pela necessidade da preservação ao ler matéria do Jornal O Povo de hoje, em defesa de mais um prédio construído na década de 50, no Centro da minha Fortaleza, Cidade que me acolheu ao nascer, e que adotei como o meu reduto familiar. A reportagem trata do Lorde Hotel, que já foi um dos maiores e favoritos do Estado.


As construções amplas, de paredes resistentes ao tempo, levam-me a um passado que não guardei com clareza. Para momentos vividos entre fortunas e abusos de poder. Certamente, sabe bem Deus, que se a memória guardasse agora, com tanta força, estaria eu detonando o tempo atual.

Melindres


Tantas vezes bati o pé, refiz o caminho só para não seguir em frente como o outro fazia. Quantas vezes endureci a pele dos cotovelos no umbral da janela, só para não ter que sentar e ouvir o que o outro dizia. Tudo por conta da melindrada menina que insistia ser.


E quantas boas ofertas recusei só para não ter que dizer que tudo me era desconhecido e, por isso mesmo, não queria que o outro soubesse o quanto me dóia a ignorância. Mal sabia que tudo era teimosia minha.


Hoje, que bom poder dizer que continuo com melindres - frescuras de menina que está caindo de podre porque é tempo de amadurecer - mas, só que desta vez, refaço o caminho de mãos dadas ou pelo menos, próximas da do outro.


Uma das minhas queixas é a tal mania de não lembrar os nomes das pessoas com as quais convivo, pelo menos uma vez por semana. Normalmente dava um jeito de não demonstrar a tal "falha". Hoje, faço questão de dizer que não lembro o nome porque simplesmente não presto atenção na hora das apresentações.


Agora eu sei que os melindres ainda vão continuar me atrapalhando, mas lá dentro de mim, a luz que acende diz sempre: deixa de frescuras Fátima Abreu. Te alui mulher!

Nada secreto


Estamos vivendo a época do amigo secreto. Aquela pessoa que nem sempre o nosso olhar e pensamento indicam. Em algumas ocasiões, vive-se uma verdadeira saia justa ao abrir o papel dobradinho e ver o nome de um total desconhecido. E agora, o que fazer? Eu não conheço a pessoa, o que comprar para ela?


O amigo secreto nunca foi tão desconhecido. E vamos nós pensando o que comprar com aquela vontade danada de acertar, ou mesmo que o dia chegue e nos livremos logo desse compromisso. A fraternidade aí é a escolha do presente. Não há ainda aquele entendimento de tentar estar mais próximo da pessoa em questão.


Forma estranha essa nossa de ser fraterno. E aqui, confesso escancaradamente, que já devolvi para cestinha o nome do papel dobradinho, só porque não gostei do secreto. Mas, não menti. Apenas disse que queria trocar. Sei que perdi uma oportunidade de aproximar-me de alguém distante do meu circulo de amizade.


A amizade não é mistério. É querer estar próximo, não importa como. Afinal, temos amigos distantes fisicamente, mas tão perto do coração.

Solar

Sabe aqueles dias em que você se subestima?  Carrega pensamentos sombrios, que só fortalecem o pessimismo? Pois é, de vez em quando eu me as...