Alô, felicidade?


Desculpe, a felicidade está ocupada. Mas, quer deixar recado?

Ela retorna?
Com certeza, ela sempre retorna.

Mas, a que horas? Não sei se estarei em casa para atender.

Você pode informar o celular.

Ok, anota aí. Mas, e se a bateria estiver descarregada?

O serviço de mensagem de sua operadora, com certeza, vai lhe avisar.

Mas, e se eu não estiver ligado e não perceber?

A mensagem vai insistir.

Ah, sei... mas, e se eu não retornar?

Bom, você pode pedir a alguém, uma secretária, para lembrar o compromisso com a felicidade.

É uma boa idéia, mas e se eu estiver sózinho?

Bom, em algum momento você deverá estar com alguém ou mesmo lembrar sózinho, por que não?

E se a felicidade continuar ocupada para mim?

Não estará ocupada o tempo todo, um momento será só seu, pode ter certeza!

Mas, será que eu mereço tanta atenção assim?

É claro, oh, infeliz.

Você acaba de ler a dúvida do porta-voz da infelicidade. E aí, vai usar o serviço da felicidade?

Papo cérebro



Eu sou do tempo (faço questão de continuar sendo) de que a maturidade, a badalada FelizIdade, conta muito! Longe do slogan contemporâneo que a mídia utiliza fulana de tal, apesar dos 40 anos, tem um corpo de fazer inveja a qualquer garota de 20. Quer a opinião de uma quase sexagenária? Isso é lixo!


Afinal, o que se aprende em mais de cinco décadas deve valer mais do que a malhação e o bisturi do cirurgião plástico podem oferecer. Cortar pele e retirar gorduras são uma prática que banaliza o corpo. É como tirar a sobrancelha.


É óbvio que caminho à noite, num aparelho que me custou alguns reais parcelados em dez vezes; que deixo o prato colorido... mas será que a barriga dobrada o dia inteiro não merece uma flacidez? Já está passando da hora, para que as pessoas que usam e são usadas pela mídia, ofereçam uma trégua. Afinal, mulher não é só bunda, peito estufado e pernas musculosas. O cérebro não tem contraindicação.


Mundo animal

Hoje, quando me dirigia ao trabalho, vi um corpo de um cachorrinho. Desviamos, mas o pensar clicou o arquivo da memória. Vi-me chorando ao ver o último exemplo de uma cachorra pit bull, que morreu envenada. Antes do fato, havia brincado com ela, ainda filhote, espaçosa e carinhosa. Até parece, mas pit bull tratado como animal normal corresponde ao carinho.

Mel, como era chamada, foi enterrada junto ao corpo da mãe (vítima de uma doença transmitida por carrapatos) no fundo do quintal, sob plantinhas verdes, numa esperança de continuidade da vida. Diferente da gata do presidente Bush, não foi fotografada pelas lentes de repórteres ávidos, ficou na retina sua cor melaço e sua força de viver demonstrada nas apostas de corrida pela casa.



Também não mereceu nota oficial, falando da consternação. Apenas abri o choro (como todo choro deve ser aberto) silenciosamente, lágrimas rolando no prazer da dor. Chorar é isso: esquecer a imagem do riso, exprimir a pujança da saudade, tornar-se rio, jorrando a dor para fora.

A imagem é do site uol.

Arte solitária




Dos mujeres y un paisaje, de Victor Manuel.


Eu acho que começo a entender o processo tecnológico que está transformando o aparelho de TV tão bonito quanto uma obra de arte e cada vez mais fino. Dá para pendurar sem comprometer a estética do ambiente. Pelo contrário, belíssimo quadro e uma demonstração de bom gosto, de luxo!


Pendura-se ali o artigo desejado, que pela beleza volta para as salas de visitas da casa e nem precisa ser ligado. Para que mesmo? (esse que tem acento circunflexo?) A tecnologia está caminhando sozinha na estrada do bom gosto porque a produção televisiva, sinceramente, não compensa o investimento.


Como todo quadro de arte é para ser visto, revisto e nem sempre entendido. Eu confesso a ignorância diante da arte plástica. Já cheguei a sentir inveja da habilidade do artista. Ensaiei uns traços com pincéis, numa ousadia de comparar-me ao artista. O resultado foi desastroso, mas bem que pintaram uns fãs e levaram as telas.


Hoje, admiro e louvo a arte, mesmo aquelas em que os pintores jogam a tinta de qualquer maneira mais lembrando arte de meninos.


Se deixar, o vento leva!

  De vez em quando faço uma ligeira pesquisa por aqui, neste espaço.  É tão bom ler o meu pensar de alguns anos.  Este blog tem me acompanha...