Beleza

 Eu já parei de me achar feia. Sem graça... 

Teria encontrado a beleza interior?

Olhando pra dentro, nem sempre encontro cores vivas.

São labirintos estreitos. Não é pra menos que me perco nessas viagens.

Mas, pensando bem... pra que ficar zanzando no juízo quando os apelos externos gritam por atenção.

Sei que se demoro na estação, indecisa se devo regressar ou prosseguir, vou me fazer falta.

Dizem que sonhar não custa nada. Ah, sim! Custa!

Se perder ao longo do pensar pode ser uma armadilha.

Enquanto o sonho envolve o ser, a realidade continua com sua cara lavada. 

Ela tem esse poder.

Para amenizar, e antes que o sonho vire pesadelo, procuro ser leve... 

Imagino-me uma pena ao sabor do vento. Pode ser um sonho de olho aberto, Mas funciona! A leveza é um intervalo em meio à tanta agitação do meu Eu.

Eu sou buliçosa. Vivo me sacudindo, mas um torpor embriagante do sonho pode ser aquela pausa tão desejada.
 

Textuando


Comparando partes da vida a um texto. 

De início, qual o foco deve ser destacado. 

Como desenvolver o momento. 

Será manchete? 

Quem vai ler a minha história? 

Surpreendo-me inúmeras vezes sobre o discorrer das letras. 

Os caracteres são os colaboradores constantes do pensamento.

Os parágrafos podem subir ou descer conforme a narrativa segue. 

Quando será o ponto final? 

É o que me basta? 

Se me faço compreender é outra função do autor textual.

Na verdade, creio que escrevo porque preciso ler o que vai na minha alma.

Por enquanto

 Por enquanto...

Vou sorrir para o que me entristecia antes

Pausar a ânsia de resolver as questões que me são apresentadas...

Deixar pra lá os motivos que me levaram a resolver situações conflitantes 

Que me depreciaram...

Que machucaram...

É dado o momento de cheirar a rosa esquecendo a picada do espinho ao colhê-la

E tempo de abraçar.... sim com a luz do pensamento

É tempo de desatar nós engavetados, resistentes...

Por enquanto...

Vou caminhar com passos certos nos caminhos já trilhados e não observados

Passar a mão na cabeça e agradecer pelo cérebro que lateja anunciando novas ideias

Por enquanto vou me debruçar sobre o ego e pedir para que me deixe

Vou mirar no alvo da vida mansa que não significa desleixo

Por enquanto... vou fluir.

Por enquanto vou ser feliz.

`A procura

Vivo  à procura de mim. 

Sinto que há um esconderijo secreto... nele me perco... 

De vez em quando um pulo, um assalto de memória e lá estou inteira... 

Momentos escorregadios, já que o caminho não apresenta retorno...

Sei bem que esse labirinto me atrai.

Quero muito conhecer a pessoa escondida que sou.

Há cortinas de esquecimentos nos flagrantes de imensa alegria dos reencontros...

Tão fugidia
 sou que me consolo com as definições de alguns.

Só que basta um pequeno mergulhar do meu pensar e lá estou bem encolhidinha... doida para gritar o que sou!

Desbundando


Sempre fui desbundada e nem me dava conta. 

O desbunde para mim seria o meu jeito largado que apresentava aos demais? 

Desbundante?  Ah eu fui sim! Até um dia desses desbundava...

Nada é mais insinuante do que uma silhueta do quadril. 

Ah.... isso eu tinha! E tenho que admitir que me deixava feliz. A aparência era tuuuudoooooooo. 

O tempo passa e com ele malas cheias de oponência física e o desejo do eterno andar balançado. Ser pendular....

Hoje, a falta de bunda me deixa até mais tranquila. Sim! Porque eu não estou mais na vitrine das mais olhadas, desejadas...

O que mais quero hoje? Ser querida! 



Ventilando por aí

 


Caminhar para melhor refletir. 

Há muito que faço isso. É o momento para conversas longas com o meu íntimo. 


Sim! Sempre falei sozinha!

Quem assim crê nem imagina que está sempre em companhia. 

Na mente oscilante entre o estar bem e a preguiça de movimento, o deixar se levar é uma contínua forma de viver.

Sempre gostei do vento... as vezes chego até a me identificar 

Se estou sobre folhas afugento-as para cima ou para baixo e as deixa fluir sem destino traçado...

Se me fecham janelas fico insistindo fazendo barulho...

A porta entreaberta escapo a sensação de liberdade

Ninguém
aprisiona o vento...

Poesia

Sempre defendi a poesia e o estar próximo do poeta que somos. 

É a cor dos versos que nos povoa o pensamento  colorindo os dias,  que podem ser cinzas...

Ser suave no tocar a vida ...

Ser inocente diante da  maldade...

Ser puro quando o banho da realidade nos tinge opacando a luz.

A poesia é o reconhecimento do que temos melhor.

É o recurso da fonte de inspiração.

Inspire-se

Poetize-se!

Tirando selfie

 

Agora dei para ficar de frente ao espelho sondando-me. Quem é essa persona que está diante de mim? 

Cabelos prata, pálpebras rebaixadas, numa tentativa sem vitórias de reduzir o brilho no olhar. O sorriso está ali, forte, e posso distinguir bem a minha marca. 

Estou em outra viagem interior. Quem é essa pessoa que acorda com dores no corpo, dedos reclamando "óleo", andar vagaroso, como se estivesse aquecendo motores para um caminhar lépido?

Quem é esta mulher que tenta continuar firme e bela? 

Sim! a beleza é eterna. Apenas se transforma, assim como as nossas escolhas para uma vida melhor.

Ah... como continuo interessada nesse conhecimento. É preciso reatar a minha relação com esse EU teimoso, muitas vezes draquiana, impetuosa... 

Depois de remexer nas lembranças que comporto - é bom saber que não parei e vou viver delas - falo das minhas experiências que resultaram na mulher que sou. 

Não, não me defina. Você não me conhece. Eu mesma estou nesse caminho. Ora devagar, ora bem apressado porque assim é minha natureza. 

 

Paixão

Sim, eu vivi o vulcão que transforma os sentimentos, a vibração do corpo! Sou grata pela vivência.

 Ainda me sinto estremecer só com a lembrança do que foi... acredito que as experiências não ficam no passado. Sou um conjunto delas. 

E as pessoas que protagonizaram esse enredo estão ainda comigo. Eu as trago para dentro de mim – ou será que as expulso?

 A paixão é vital. 

E para continuar apaixonada se faz necessário reunir todos os personagens da minha história de vida. Rebuscando em mim as variadas emoções e degraus sinto-me plena!

Gratidão


 A gratidão acalma.

Nos faz menos cobradores

E credores também.

É preciso alimentar-se da amizade 

Com paciência e fé resiliente.

Ser grato é uma atitude revolucionária.

É um desfazer-se do labirinto

Que a mente cria e nos prende.

Esse presídio nos tira o desejo da gratidão.

Ser grato é, antes de tudo, encontrar o caminho

Que nos leva à luz!

As lembranças

Sempre procurei fazer algo bom.

Isso, porque tenho que conviver com as minhas lembranças. 

No palco da vida quando você sai de cena - procuro compreender o momento das deixas que me passam- até o cartaz que anuncia a sua atuação é descartado!

Com este lema, os vários personagens que interpretei se dispersaram.

Para subir ao palco e
mostrar o que aprendeu, há sempre os degraus.

Se a vida me exige usar saltos altos, o tropeço faz parte da minha caminhada.

Aplausos ou vaias... eu não os escolho.

Cabe a quem me assiste a opção.

Preciso fazer o que é do meu agrado para continuar colocando no papel a persona em construção.




Querendo que dê certo!


Eu ainda não havia me debruçado neste espaço para falar sobre a angústia do momento de hoje. Também nunca havia imaginado viver uma pandemia. 

E me pergunto: o que estou fazendo para sobreviver? 

O que estou passando adiante sobre o mal que nos persegue sem descanso. Sim, porque o vírus nos alcança sem piedade.  

Usar máscaras, higienizar mãos com água e sabão e álcool. Quantas necessidades que deveriam ser contínuas hoje urgem pela vida!

Nas mídias, a clemência pelo trato da higiene nem sempre é uma sugestão seguida. Aí lembro uma frase que me consola. "A gente vê o mundo com a bagagem adquirida durante os longos caminhos percorridos. E nesta bagagem há mais dores do que prazeres.

O Coronavírus é uma manchete que não desce nas prioridades da primeira página. É um tema quase que esclusivo. Unir vontades é uma outra alternativa. Vamos sobreviver? 

Nunca foi tão necessário olhar para o outro - nem que seja com olhar vesgo. O importante é olhar. Vibrar pelas boas energias que estão quase que esquecidas. 

E neste aspecto eu me encontro: estou em meio à uma pandemia e buscando saídas com o olhar no outro, sentindo-me em seu lugar - seja entubado, seja sem fé - Vamos fazer dar certo! 

A propósito, esta frase que me chamava atenção mais pelo erro de concordância "vai dá certo", uma vez corrigida, agora é um apelo que se amplia.

 

O que esperar...


 Pensava sobre o que esperava e espero de mim. 

A fortaleza está em mim.

A vontade idem

A coragem de alimentar a fé

A visão de um problema para que não se agigante

Não vê no outro as possibilidades clamadas

Enxergar com a bagagem que tenho do mundo

Dar ouvidos às intuições.

Sussurar ao vento as questões e aguardar com a

serenidade necessária as respostas.

Que podem vir do outro, mas a decisão será minha.

Incomodada







 A mulher já nasce incomodada. 

Se não vejamos: desde a limpeza - a mente feminina é organizada  e  não é síndrome de Amélia- é a vontade suprema de manter o ambiente acolhedor. Quem é mulher sabe.

Incomada é alusão áqueles dias em que a fertilidade grita por criação. 

A mulher incomada. Ah! sim! é uma das nossas muitas qualidades.

Obsessiva? claro que somos!

Mas, para esta indicação ganhamos uma palavra feminina: resiliência. 

Por muito tempo - e até hoje, meu Deus! - somos as de sexo frágil. 

Já vi que a língua portugesa é aviltada quando nós somos o assunto.

E a gente vive na boca do povo.

Dizem - eu até falo também - que a nossa língua é machista. 

Mas, reparando bem, o feminino é gerador natural. 

A chuva promete vida infinda;

A água é fundamental na vida;

A agitação é o que nos move a todos,

E na ausência de taxar o bom e velho porguês, somos acalanto, afago...


Ontem



Costumo pensar que o hoje é apenas um intervalo. 

Um pé no passado e outro flutando no futuro. 

Pensar no dia seguinte é perder o chão do pé, 

Em muitos momentos da vida. segurei instantes.

Ontem, tive anos iniciados, engatinhados, puláveis, corridos...

Ontem, olhei para um futuro ansiado. 

Será que desejado, mesmo?

Ontem, sofri o que não teria talvez em tempo recorde.

Hoje, sem ontem não sobreviveria. 

Quantos ontem necessitei crescer... 

E quantos amanhãs vou necessitar para alçar os voos em cujas asas fortaleço na fé?

Ah..  o amanhã sem ontem, não aconteceria.

Infinita poesia



 Vejo com espanto o tempo distante que por aqui estive. Como é fácil deixar ao largo da memória o que satisfaz por um determinado tempo. Desde o início da pandemia que me isolei das letras carregadas da poesia que me acompanhava.

A poesia não morre. Graças a Deus! E aqui estou teclando no intervalo dos fatos pandêmicos  - alertas para um final que não se deseja. 

É possível poetizar o momento? Creio que sim. Os poetas já contemplaram a dor como diva inspiradora.

Eu creio em cores, na Natureza que nos cerca e nos alimenta com o prenúncio de que tudo um dia vai passar. E seremos, então, o que restou das ruidosas mentes prisioneiras da contemplação.

Se deixar, o vento leva!

  De vez em quando faço uma ligeira pesquisa por aqui, neste espaço.  É tão bom ler o meu pensar de alguns anos.  Este blog tem me acompanha...