Queria ser artista

Lembro quando menina, faxinando a enorme casa que servia de pensionato. Quando o calo reclamava, parava o movimento e imagina-me num palco. O cabo de vassoura era o meu microfone e ali soltava a voz, numa parceria que só a mente imagina. Sempre era aplaudida. Cantava tudo o que ouvia no rádio. Naquela época criança podia ouvir rádio sem preocupação dos pais.

Adolescente imaginava-me outra vez no palco, agora interpretando personagens sofridas e brincalhonas. Na escola, fui comediante da turma. Fazia paródias simultâneas e assim garantia o lanche. Lá em casa a economia torcia contra.

Na universidade, o humor tornou-se escrachado ao mesmo tempo que a poesia. Voltava à infância e compunha. Passei do doce ao azedume. Movimentos estudantis. Não que eu fosse militante, imagina, morria de medo de tudo e de todos e a década de 70 não me estimulava. Sempre fui covarde diante da pressão. Preferia recolher-me.

Se fiz história fugindo da arena, não sei, mas pra mim o heroi não tem que morrer sempre. A palavra é a ordem para a harmonia. E nisso, venho trabalhando há algum tempo.

Se deixar, o vento leva!

  De vez em quando faço uma ligeira pesquisa por aqui, neste espaço.  É tão bom ler o meu pensar de alguns anos.  Este blog tem me acompanha...