
Adolescente imaginava-me outra vez no palco, agora interpretando personagens sofridas e brincalhonas. Na escola, fui comediante da turma. Fazia paródias simultâneas e assim garantia o lanche. Lá em casa a economia torcia contra.
Na universidade, o humor tornou-se escrachado ao mesmo tempo que a poesia. Voltava à infância e compunha. Passei do doce ao azedume. Movimentos estudantis. Não que eu fosse militante, imagina, morria de medo de tudo e de todos e a década de 70 não me estimulava. Sempre fui covarde diante da pressão. Preferia recolher-me.
Se fiz história fugindo da arena, não sei, mas pra mim o heroi não tem que morrer sempre. A palavra é a ordem para a harmonia. E nisso, venho trabalhando há algum tempo.