Do verbo blogar



Disseram por aí, que blogueiro não tem o que fazer. Que passa o dia na orgia do nada para repetir à tarde, quando posta. Tem razão.


Durante as manhãs de trabalho, que começam sempre às seis horas, castigo o teclado para por em dia os fatos que merecem destaque e que vão alimentar o ouvinte da emissora, que tenho um prazer enorme de fazer.


À tarde, continuo fazendo a mesma coisa, além de gerir e tentar por em ordem o que a burocracia emperra. À noite, continuo na rotina, tentando equilibrar com as atividades domésticas e os amores do lar, digo família.


Faço nada não. Só quero continuar respirando com inspiração que a letra expõe.

No realejo

Estava novamente viajando na Net e vi com atenção a imagem de um pequeno realejo que oferece leitura virtual da sorte. Cliquei para ver a animada periquita que trazia no bico a mensagem.

Os pequenos dizeres, feitos só Deus sabe por quem, são ordem para quem crê no recado vindo por forças estranhas, mas que por isso mesmo, respeitadas.

É sempre um aconselhamento, que põe em ordem o pensar aflito, curioso, ou ainda auxílios do alto. Não dizem que Deus fala por meio das criaturas e por quem menos esperamos?


Já convivi com o mistério e confesso que sentia um certo interesse e me deixava envolver pela sensação, que latejava e gerava calafrios.

Cresci na vertical e fortaleci a crença em atos favoráveis. Deus só auxilia e me faz bem! Larguei a caixinha, que tocava música e trazia papéis amarelados, que com o tempo foram substituídos pelos horoscopistas. Seria realmente necessário crer no que o outro dizia? E a voz que ecoava no meu interior?

Hoje, fortalecida na fé raciocinada, acredito no que vejo e toco. Na natureza que se sucede sempre; na fortaleza da energia criadora, que me envolve, que me permite o discernir para poder escrever aqui neste espaço e dizer que a música faz parte do realejo universal e que o recado é a luz, matéria - prima de todos nós.

Sem malandragem


Estava sentindo a letra da música - Malandragem - de Cazuza na voz de Cássia Eller, cantora preferida de muitos sons poéticos com a interpretação sem aparato, que choca, que impacta!
O artista se faz porta-voz para momentos sem explicações, nos quais a melancolia é de incômoda presença.

Quem sabe ainda sou uma garotinha, rezando pelos cantos por ser má, por não saber me comportar, esquecida com a farda suja porque o dever de casa seria de classe. Concordando com o castigo da palmatória, quando a educação era uma imposição, faça o que eu digo e não faça o que eu faço.

O príncipe tão sonhado virou um chato na letra, mas para mim é um sapo tão frio quanto a pele. E vive dando nas minhas trompas de falópio. Ainda não sei lidar com a malandragem da mente dispersa. Queria saber levar adiante, enxotar o sapo e trazer o prometido de volta. Mas ele não é como o sapo que bate e volta, mas que teme a cor do fogo da paixão. O bom do batráquio é que ele se define.
É o diabo ser poeta e não saber amar!

Por aqui


O mal pode ser escancarado e nesse momento alguém reclama mudanças, noutros é tão sutil que o agente nem se toca. É na insensibilidade nossa que se alimenta.

Estava como sempre em busca de oxigênio. Aproximo-me das plantas para renovar o ar que agora se impregna de fumaça. Urbanos com manias antigas de capinar roça, incendiando as sobras.

Interpelada pela minha santa filha, que também enfrenta dificuldades de nome rinite, a senhora dona da casa admite ser a causadora da fumaça que invade casas vizinhas, incluindo a minha.

Na defesa do gesto ela pede paciência. É pouca coisa. Já está terminando. Pois é, têm pessoas que só são percebidas quando incomodam. Lógico que desejei que ela se tocasse e mais algo que nem direi aqui. Pois é, têm pessoas que realmente continuam cegas e não vêem o outro.
Fico cismando como serei vista pela vizinhança.

O cachorro daqui só late. Não morde. Música baixa. Saio cedo e retorno tarde. Quem me vê? Com que olhos? Quem me dá ouvidos? E o que escuta?

A intolerância à fumaça será tão intensa quanto ao sentir a presença do outro? E eu que só queria curtir um pouco o lar... A vida sofre invasões frequentes ( não acho o trema) e quem eu quero que me invada continua ausente.

Se deixar, o vento leva!

  De vez em quando faço uma ligeira pesquisa por aqui, neste espaço.  É tão bom ler o meu pensar de alguns anos.  Este blog tem me acompanha...