Ser presidente


Existe função mais dificil do que a de ser presidente de uma República? Seria igual a do técnico de um time, que perde sempre? A diferença é que o segundo é movido pela paixão desenfreada, pra não dizer cega.


Acabo de ler que o acidente do avião da TAM pode comprometer a imagem do presidente Lula.


Tudo eu! Tudo eu! imagino que ele possa falar nos bastidores sem que ninguém o escute porque senão vai ser interpretado como nervosinho, ou mesmo teimosinho, batendo o pé tentando fugir da responsabilidade.


Já morei em prédios em condomínio, onde se aprende a tolerar o barulho do vizinho, para que ele não reclame do seu. É aquela barganha no sentido de que vamos empurrando com a barriga a política da boa vizinhança, desde que ela não se intrometa com o meu modo de ser.


Saindo do condomínio, transporto o pensar para o Planalto. Se aquelas paredes falassem sobre as dúvidas, as cautelas, quantos infortúnios seriam evitados? E como saber se evitamos algo, se nada ocorre?


A propósito do dia do amigo que se comemora hoje, gostaria de ser mais próxima do presidente e com esse argumento lhe diria para ter calma diante da especulação de uma imagem borrada, desfocada.


Diria que nada que ele faça irá nos satisfazer integralmente e o que o tempo em Brasília pode até remendar rasgos provocados por tantas insensatezes outras, mas que a vontade de melhoras nem sempre é coletiva.

Permita-me mais um comentário


Ainda sobre o assunto do momento, a tragédia em São Paulo, estava analisando a série de reportagens pontuais. Eu já comentei aqui a frase da ministra Marta Suplicy, que nem precisa ser repetida. Confesso, que a minha análise foi fria, bem diferente de agora, depois de chorar junto aos familiares dos que morreram.


Fiquei lembrando da expressão do rosto da ministra, tão bem cuidada: pele fantasticamente protegida por cremes e o que a indústria de cosméticos pode fazer; maquiagem perfeita, num rosto bonito. Mas o olhar, apesar de maquiado, retratou exatamente o que eu senti?


Não gosto de confundir emoções. É preciso se desarmar para interpretar, por isso, a análise fria pode parecer superficial. Naquele exato momento de empatia, ouvindo e vendo o choro de dor diante do fato impactante, pensei: puxa, Marta, que infeliz comentário!
Entenda porque escolhi a imagem acima.

Mais um comentário


Já sei quase tudo sobre o acidente do avião da TAM, com exceção do que causou a tragédia. É impressionante como a imprensa se mostra competente, precisa, rápida, consistente, presente, absolutamente flagrante em casos assim.


Para saber sobre os danos e conseqüências danosas, somos céleres: em poucos minutos, abreviamos qualquer tempo na espera para mostrar o que público tenha ou não vontade de saber. Sei porque já participei de coberturas assim.


As imagens que vi não foram somente geradas pelas equipes treinadas dos repórteres. Nem sempre nítidas por conta do amadorismo de pessoas na ânsia de flagrar o trágico usando aparelhos celulares, câmeras portáteis. O que vale é não deixar nada passar.


Assistindo a tudo no conforto da minha rede, balançando de leve, fiquei me perguntando que tipo de emoção queremos extrair de fatos assim? Isso, sem contar com a especulação, uma arma sempre utilizada porque não lhe falta munição.


O depoimento da irmã do comandante, entre lágrimas e palavras em defesa da habilidade, responsabilidade e seriedade do parente que se foi, foi realmente necessário mostrar naquele momento?


Com a tecnologia, a emoção parece enfraquecer, pelo menos no que diz respeito à imaginação. Nada mais há esconder: a tragédia em cores estampa a dor. Contudo, continuam encobertas, mesmo com a tecnologia de ponta, as razões pelas quais as falhas identificadas, não passam pelo crivo da razão.

Pelo meio ambiente


Com exceção do esforço (glorioso) dos atletas que participam do Pan, duas notas me chamaram atenção nas mídias hoje, pela relação com o meio ambiente. A primeira, sobre a retirada de areia de uma duna em Aquiraz e a outra, curiosa porque não sabia da existência de tal foto, um tipo alternativo de combustível.


Quem já ouviu falar em gasogênio? Só tive oportunidade de conhecer porque sou leitora assídua de uma das interessantes partes do O Povo, Há 75 anos. No caso em questão, o registro foi feito no ano de 1942, período de muito sofrimento, quando a intolerância é a justificativa para matar.

Materialmente falando


No mundo material, danos morais são ressarcidos com dinheiro. A quantia é estipulada de acordo com o "tamanho" do crime. É o Estado quem indica com a ajuda do advogado, cuja competência também é medida pelo valor a ser estipulado. Quem segura o martelo dita a norma a ser obedecida.


No mundo íntimo a dor se espalha em todas as ações que deixaram de ser praticada para o engrandecimento do vitimado. Não há dinheiro que apague o som da palavra dita; que remova as seqüelas de um estupro; que devolva a infância ultrajada. Mas, é uma tentativa material, para quem está na matéria e dela sobrevive.


Ainda estamos aprendendo a buscar a verdadeira recompensa às adversidades e vicissitudes nossas.

Cidade minha


A cidade está explodindo de necessidades. Cresceu num pool de prédios, condomínios fechados, shoppings, sem dar ouvidos a impacto ambiental; plano diretor e, muito menos, aos moradores, crias do Estado.


A ordem é crescer. O progresso acima de tudo. E a loira casada com o sol, sem ser consultada foi invadida pelo concreto. O tímido crescimento da minha infância resumia-se ao Centro. Tudo se concentrava lá. Pois bem, perdi a identidade.


Era uma alegria atravessar a avenida Duque de Caxias para brincar na Cidade da Criança. Ficava extasiada com a estátua ostentando a liberdade, grilhões partidos, olhar para o céu numa promessa de vitória. E aquele lago formidável, espelhando a natureza contagiante, protegida.

Mas, morria de medo da Praça dos Leões.


Há certos medos que crescem conosco. Continuo com medo daquele logradouro. Sempre que passo por lá experimento a mesma sensação. A cor sempre cinza, nunca vi colorido nenhum por ali.


A praça, cujo nome verdadeiro é General Tibúrcio , não acompanhou o empolgante progresso da Cidade. É flagrante o desinteresse. Outros locais que me metiam medo, a Praça José de Alencar e a Rua 24 de Maio, continuam despertando a menina apavorada, que dorme no meu reduto de lembranças.


Mas, agora depois de crescida, trabalho para não morrer de medo quando vejo um ciclista, de atender o celular, o telefone fixo, de pegar um ônibus, de atravessar a rua. Não sei quando estão me paquerando ou me vigiando.


Não vou procurar um analista. Prefiro ocupar este espaço para sacudir quem ainda quer vida melhor.

Se deixar, o vento leva!

  De vez em quando faço uma ligeira pesquisa por aqui, neste espaço.  É tão bom ler o meu pensar de alguns anos.  Este blog tem me acompanha...