A companheira

Se existia algo que sempre me deixava com desagrado era ler o resultado de audiência de programas de rádio. Como nunca fui entrevistada por nenhum órgão de pesquisa, a pulga por trás da orelha já estava maior do que a cabeça.

A AM do Povo, a Companheira, em segundo lugar? Isso nunca me tirou o ânimo e a vontade de fortalecer a equipe. E eu, nem tchun para isso. Quem tinha que se virar era o pessoal do comercial, que não tinham dificuldades para vender. Isso porque nada era mais agradável do que acompanhar a programação da rádio O Povo.
Trabalhar lá? Será que poderia? Tinha talento e competência suficientes? Antes de ouvir a resposta, lá estava eu, numa quinta-feira, diante da máquina Olivetti com carbono e tudo. Lugar de encontro: a redação da Companheira, a melhor e maior redação de jornalistas que uma emissora já teve!

As vozes no ar, simplesmente fantásticas. E os comandantes dos programas, gogós de fora com sotaque do sudeste, sem exageros, eram bem trabalhados. E também os artistas de maior sucesso. Os âncoras da Am do Povo faziam tanto sucesso quanto os astros que entrevistavam. As mulheres faziam filas nos corredores, no auditório do estúdio, sim porque pelo tamanho, servia de auditório.

Todos os programas, sem exceção, chamavam o público, e a maioria feminino. Dizer que trabalhava na AM do Povo era fazer parte de um status só conquistado nos tempos de glória do rádio brasileiro, bem antes da TV.


Eu não quero fazer saudosismo, porque, na verdade eu não sinto saudades da AM do Povo, o que sinto é um prazer redivivo por ter participado dessa escola e que me tem rendido frutos.

Amanhã, contarei mais. É uma tentativa de homenagem a rádio que aniversaria neste mês.

É por aí...



Houve um tempo em que me sentia impotente diante dos vícios, que se acumulam na mente humana. Ia às lágrimas, lamentando o desequilíbrio que a dependência química, por exemplo causa nas pessoas.


Queria modificar tudo, como se pudesse. E, em muitas ocasiões acreditei que podia. Promovia ações esclarecedoras, horas a fio de conversa... Mostrava exemplos catástroficos... nada surtia efeito.


O momento do discernimento chega e me flagra em meio a tantas dúvidas e vontades de fazer o outro perceber, que para conhecer o abismo não precisa ir até o seu limite. Sei que podemos auxiliar muito mais do que querer fazer a cabeça do dependente ou usuário.

Antes de qualquer movimento, é preciso respeitar a vontade, reconhecer os limites e agradecer a Deus por mostrar que a compaixão supera toda a rejeição que a dependência provoca.

E também nos reconhermos compulsivos por outras drogas como o orgulho, a vaidade, alimentos da prepotência, filha da ignorância.

Enquanto isso, a polícia faz o seu papel de repressão.




Que flagra!



Estava revendo flagrantes dos repórteres da terra. Neles, a dor, o espanto, a discórdia, a comemoração e as situações inusitadas. Perguntava-me como comprovaríamos um fato sem a imagem que fala.




Em muitos deles, a tragédia dá prêmio ao autor do clique.




Gosto das imagens fortuitas. Aquelas que não dizem o que estampam, que nos aguçam o pensar. E, assim nos permitem viagens sutis, escancarando o que temos de mais escondido.




Outras, que a tecnologia nos permite, comprovando o crescimento e o continuar contínuo do universo, como na imagem acima, o nascimento de uma estrela.



imagem www. olha. uol.com.br

Quando




Quando somos tomados pela dor, a sensação é tão intensa que julgamos estar sozinhos completamente. O peito está cheio e nada mais entra.


Os ouvidos precisam ser educados para ouvir o lenitivo do sábio criador.


Não, você não é culpada pela dor sentida, mesmo regida pela ação de causa e efeito. Jamais, conscientemente desejaria sofrer.


Ah, se eu soubesse, dizemos. E como saberíamos antes? Um ser em crescimento, aprendendo a respeitar o limite de cada um.


O criador nos deixou pronto, no momento da doação vida. São botões, que quando digitalizados funcionam, de fato: ouvido interno em sintonia com Ele, que está em nós.

Narcélio, a vitrine que espelha

 "Quero morrer trabalhando. Não aposentarei atividades. O rádio é a minha vida". Frases repetidas, inúmeras vezes pelo amigo Narcé...