
No verbo teclar é o som do silêncio que me incomoda profundamente. Curti a batida do teclado das máquinas de escrever que aprendi a amar na adolescência.
Hoje, faço batucadas com o teclado do meu computador no trabalho e nas horas de folga.
Enquanto pesquiso, faço rolar sem o mouse e o barulhinho bom me cativa.
É com essa sonoridade que garanto a subsistência. Passo horas a fio com o trio musical: teclado que é a minha percussão, monitor, que faz as vezes de letra e de música e eu, no arranjo.
É uma sinfonia interminável, posto que a cada momento, recorro ao teclado, esticando o tempo e o prazer que esse contato me dá. São dez dedos e mais 107 teclas, num íntimo conjunto, absolutamente atemporal e imortal.
Quem nunca teclou não sabe o que perde. Experimente com agilidade ou lentamente dentro do que a sua capacidade lhe dá. Não esmoreça, não apague a ideia. Vá na onda da sonoridade e liberte o pensar. Ninguem é mais confiável para tirar o tesouro que mora dentro de mim, para explorar as curvas da estrada que trilho.