Descarto temperos antigos, fora do prazo de validade, do tipo é preciso ter sempre um objetivo para continuar caminhando;
potes pequenos que cabem poucas sobras. Sim porque nem tudo que não é consumido é lixo;
no congelador o verde, as hortaliças risonhas do meu viver, para que assim se conservem;
Preparo banquetes em grandes panelas para alimentar de esperança os que me rodeiam. Sim, não preciso viver só para me conquistar;
Mesa ampla para reunir alegrias, desabafos, muxoxos e até falta de apetite. São as minhas fases, verdadeiros graus que me elevaram até aqui.
Manter em banho maria os alimentos a servir, verdadeiras companhias do caminhar. Sim, na falta de visão noturna, costumo dormir na direção e pego atalhos.
Com quem andas? Esta frase com o português no popular - com quem tu anda? - era o interrogatório materno fazendo alerta para as más companhias, aquelas que nos induzem ao mau caminho. Santa ignorância minha, o que seriam as más companhias? Aquelas garotas que usavam saias curtas, que usavam cabelos também curtos? que saiam em companhia dos namorados, colegas de escola, que pintavam as unhas? Resmungos e mais resmungos acompanharam-me por muito tempo, que geravam uma insatisfação tão grande própria de quem não alcançava o sinal amarelo da vigilância.