Desligamento



Nada mais solitário do que o ato do desencarne, digo no sentir-se desligar. As pessoas logo se afastam como se a mudança pegasse. Mesmo o choro nos deixa sozinhos. Sei que vou morrer, desconfio do tempo. Nem sei se é bom saber...

Lembro quando criança a certeza da morte me assaltava as ideias e ficava confusa horas a fio. Nunca admiti a tese do fim. Cresci querendo fugir da fatalidade única nossa. Hoje me dou conta de que morrer é mais uma invenção humana.

Quando me falavam que voltaria ao pó, pensava que Jesus, o amigo companheiro das horas ininterruptas estava preso a um pedaço de madeira absolutamente entregue a sorte. E teimava nas preces em conversas esparsas do anjo ressuscistado.

Perguntaram-me se temia a morte. Ora, e por que não? o que fazer depois que sair do disfarce?

Se deixar, o vento leva!

  De vez em quando faço uma ligeira pesquisa por aqui, neste espaço.  É tão bom ler o meu pensar de alguns anos.  Este blog tem me acompanha...