Gatos e escadas


Hoje é dia de colocar em dia todos os bons pensamentos e sacudir fora a velha carcaça que me acompanha. É para me livrar da pecha de supersticiosa. Pensando nisso, eu nunca tive medo de gato preto. Lembro que quando menina, segui um gato, que costumava ficar me olhando ao longe.

Não sei o que esperava o felino. Diante da minha imaginária expectativa fiquei curtindo a paquera gatuna, vendo bruxas voarem envoltas na luz de uma grávida lua. Mas, era fim de tarde e o medo ainda não havia me alcançado.

Fiquei a mirar até que ele se dispôs, por razões próprias, continuar o seu caminho. Queria pensar como gato porque precisava de garras para me defender diante da pouca segurança que me retinha.

Subi nos muros baixinhos que cercavam a minha casa, tentando ser rápida como ele, que de vez em quando parava e me olhava com a sua retina cortada. Será que gato vê em preto e branco?

Só quando ele subiu numa árvore, pus fim a perseguição. Sentada no chão, admirava a facilidade com que escalava os galhos. Gostava também de fazer isso, quando me delicia com frutos verdes ainda, no quintal da casa em que morava.

Eram momentos em que me deixava ficar longe de todos e buscava tranqüilidade ansiada. Eu já tinha muito barulho na mente.

Nem gato nem escada me assustavam ou assustam. O primeiro, porque me ensinou a escalar e a segunda porque me sugere subida. Ou melhor, que subir é menos arriscado que descer.

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