Piratas e furões


Estava comentando com o meu self sobre a ilusão da vantagem de passar na frente do outro, quando, como sempre faço, acesso o antenaparanoica e leio, mais uma vez, um texto de Ricardo Kelmer, publicado no Jornal O Povo de hoje. Tudo a ver. Ele fala sobre o pirata que nós somos.

Percebi que os incômodos que sinto, sempre quando alguém me "passa a perna", é porque, no fundo, no fundo, eu conheço a satisfação dele. Todos os meus dias começam com alguém tomando o meu lugar. É quando chega a minha vez de pagar o pão e o leite na padaria. Aqueles que estão atrás de mim, na fila, que já vêm com o valor certo na mão, correspondente a quantidade do produto ensacado, joga a cédula no balcão.

Normalmente eu olho para a pessoa. Não sei bem que tipo de olhar, mas o pensamento indica que ela está tomando o meu lugar. E se tem pressa, eu também tenho.

O mesmo acontece na fila do supermercado. Outro dia, com dois carrinhos carregados de alimentos(que maravilha, meu Deus), uma senhora demonstrava a angústia da espera. Em certo momento, ela me perguntou por que eu precisava estar ali, justo na hora em que ela estava?´

É claro que não respondi. Daria para ser mais específica? ou ela queria que eu dissesse que o acaso não existe, que pra tudo existe uma razão, que talvez fóssemos companheiras do infórtunio... (brincadeira)

Lembro que um dia furei uma fila no banco. Imagine só! fila do antigo BEC, no dia de pagamento do funcionalismo. Tinha uma justificativa na ponta da língua e me julguei com toda razão do mundo: filho doente em casa, ardendo em febre. Hoje, estou "pagando" em juros pequenos, o crime praticado.

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