Se eu fosse


Estava navegando na net e vi a foto do presidente Luís Inácio Lula ao lado de sua mulher, dona Marisa. Fiquei curtindo a imagem e logo comecei a imaginar.

Se eu fosse a mulher do presidente, andaria com ele de mãos dadas nas raras manhãs de calmaria. Estamparia no olhar e no sorriso o apoio ao público.

Exerceria o poder da intimidade para convencê-lo de que não pode controlar e, muito menos, resolver tudo. Que precisa dos aliados, por isso, corre sérios riscos.

Daria filhos para garantir a continuidade da família, que giraria em torno da figura central do homem mais forte do país.

Choraria com ele a amargura que as críticas destrutivas provocam.
E mandona diria: demite todos, só você é leal ao povo.

Comungaria da alegria dos acertos e roeria as unhas sempre que fosse tomar atitudes do bloco do "eu sozinho".
Lembraria a necessidade de combater as principais mazelas do mundo: fome, violência, traição, infidelidade partidária.

Pediria algo mais para fazer além de ostentar o título de primeira-dama. Iria querer andar por aí sem ser reconhecida. Não ser alvo de piadas.

Em certos dias comemoraria a vitória(?) e noutros, suplicaria a Deus para que os quatro anos passassem sem deixar máculas na imagem alimentada por mim com tanta admiração.
Resistiria fortemente aos abalos domésticos porque presidente também é homem e tem certos caprichos, intransigência e homem e mulher têm diferenças.

Abdicaria das minhas vontades de mulher apaixonada para amá-lo à distância porque, mesmo estando lado a lado, os compromissos nos manteriam afastados.
Fingiria não ver o assédio de outras, querendo carona... Eu não imagino a cobrança de fidelidade para alguém que convive com tanta infidelidade.

Se eu fosse a mulher do presidente, neste momento, eu não estaria aqui, supondo uma vida que jamais quis. Isso, porque sou doméstica demais e tenho a boca grande demais para viver uma rotina tão retida.

Minha solidariedade a todas as primeiras-damas do meu país.

5 comentários:

Anônimo disse...

Realmente um papel dificílimo, ao qual eu não me prestaria: é preciso muito sangue-frio, muita dissimulação e muitos "muitos" que não os possuo. Parabéns a elas, pois...
Belo texto.
bjs

Anônimo disse...

O texto ficou ótimo. Eu acompanho essa política dia e noite, vasculho desde o rádio, tv, internet, etc ainda não consegui ouvir o som da voz da nossa primeira dama. Porque será? Será que ela fala em algum canal que eu não tenha aqui em casa (incluindo ai a diretctv)? Será que não faz nem receita de doces?

maísa disse...

Taí que eu nunquinha que pensei nisso! Mas acho que se primeira dama eu fosse a primeira coisa que faria seria abolir esse título mais ou menos infame. Lembro da Ruth Cardoso que tentou viver esse papel de maneira distinta. Sei lá.

Fátima Abreu disse...

Sabe que eu também não? E como estou curiosa para ouví-la. Um abraço e obrigada pela visita.

Anônimo disse...

titia eu gostei muito! do seu novo blog.Eu já falei para meus colegas darem uma olhadinha também...

Se deixar, o vento leva!

  De vez em quando faço uma ligeira pesquisa por aqui, neste espaço.  É tão bom ler o meu pensar de alguns anos.  Este blog tem me acompanha...