Passei no vestibular, e agora?


Estou comemorando com a minha única sobrinha a sua conquista à uma vaga na Universidade Federal do Ceará. Como eu, ela só conseguiu passar pela porta estreita da seleção depois da terceira tentativa.

Passar no vestibular é desbancar todo o temor estudantil de ter que ficar anos a fio tentando sair da peleja. E uma vez universitário é sonhar com um futuro totalmente inesperado. Sim, porque não basta o acúmulo de cadeiras a cumprir.

Logo no início, no primeiro dia na Universidade, após me livrar das ameaças de trote - aliás eu estava torcendo para que alguém cortasse aquele cabelo enorme que eu era obrigada a usar - vi que o sonho universitário estava mais para fantasia. Nada de fantástico me aparentava até então.

Após a primeira impressão, fui aos poucos me adaptando ao novo ambiente. Salas empoeiradas, cadeiras necessitando de manutenção, quase ou nenhuma acústica, professores que recebiam o mesmo tratamento que os colegas na hora da cantina. Tudo muito diferente, mas não melhor como eu desejava.

Adiante, descobri que poderia voar com asas, de fato. Depois da última aula sábado, ia ao aeroclube vencer as alturas com a ajuda do amigo, Ribamar. Puxa vida... como foram maravilhosos aqueles dias e eu já tentando uma nova empreitada da vida: pilotar aviões. Fui descoberta pela família, cedi às chantagens emocionais e larguei os céus, que eu cruzava num "paulistinha".

Foi o primeiro vôo da minha vida até então. É difícil subir aos céus diante de tantos arrastamentos e compromissos no mundo capitalista. Mal terminei a faculdade e já estava endividada com o governo federal. Tinha um ano de carência ainda para quitar o crédito universitário, que foi investido em livros de diferente autores, todos novos para mim.

Hoje, pelo menos, tenho a certeza de que a Universidade é para sempre. Continuo estudante numa escola na qual a vaga é permanente, mesmo quando reprovada; e onde os professores são mestres da tolerância, da paciência e, acima de tudo, da compreensão da vida perene.

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