Cidade minha


A cidade está explodindo de necessidades. Cresceu num pool de prédios, condomínios fechados, shoppings, sem dar ouvidos a impacto ambiental; plano diretor e, muito menos, aos moradores, crias do Estado.


A ordem é crescer. O progresso acima de tudo. E a loira casada com o sol, sem ser consultada foi invadida pelo concreto. O tímido crescimento da minha infância resumia-se ao Centro. Tudo se concentrava lá. Pois bem, perdi a identidade.


Era uma alegria atravessar a avenida Duque de Caxias para brincar na Cidade da Criança. Ficava extasiada com a estátua ostentando a liberdade, grilhões partidos, olhar para o céu numa promessa de vitória. E aquele lago formidável, espelhando a natureza contagiante, protegida.

Mas, morria de medo da Praça dos Leões.


Há certos medos que crescem conosco. Continuo com medo daquele logradouro. Sempre que passo por lá experimento a mesma sensação. A cor sempre cinza, nunca vi colorido nenhum por ali.


A praça, cujo nome verdadeiro é General Tibúrcio , não acompanhou o empolgante progresso da Cidade. É flagrante o desinteresse. Outros locais que me metiam medo, a Praça José de Alencar e a Rua 24 de Maio, continuam despertando a menina apavorada, que dorme no meu reduto de lembranças.


Mas, agora depois de crescida, trabalho para não morrer de medo quando vejo um ciclista, de atender o celular, o telefone fixo, de pegar um ônibus, de atravessar a rua. Não sei quando estão me paquerando ou me vigiando.


Não vou procurar um analista. Prefiro ocupar este espaço para sacudir quem ainda quer vida melhor.

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