E se não fosse um rolex?


O pensar pode ser aflito na sociedade, dependendo da forma como é conduzido. O apresentador da Globo, Luciano Huck tem sido alvo de severas críticas depois de ter escrito um artigo, no qual mostra a sua indignação após o assalto que sofreu, no fim do mês passado, em que perdeu um rolex que custa R$ 50 mil!


E você aí, como reagiria? A pergunta vem a propósito de que, a partir de agora, de acordo com matéria da revista Época, o moço em questão tornou-se persona non grata. De imediato, fico cismando se tivesse sido roubada, por exemplo, a bagagem do bebê do casal Luciano Huck e Angélica?


E se não fosse Luciano Huck, rapaz de posses, no lugar dele uma vítima comum, dessas nossas do dia-a-dia, que perdesse o dinheiro da passagem do ônibus, por exemplo? Ou ainda, a lata de leite de um bebê faminto e que branisse em um artigo toda a sua dor, revolta e vulnerabilidade? Encontraria espaço para divulgar o sentimento?

Não vamos tomar senso comum de que quem tem mais não vai sentir falta de um objeto roubado, assaltado, não! O que importa aqui e agora é a ação. O fato de ser vítima de qualquer tipo de violência. É isso que dói, maltrata e enlameia a sociedade como um todo, o fato de que a miséria continua sendo uma das principais pautas dos noticiários sem apontar uma solução, pelo menos a longo prazo.


Não ando por aí com objetos caros porque não os possuo e também se possuísse de que me serviriam trancados num lugar reservado da minha casa? Sem querer entender as razões dos colecionadores, um frenesi me persegue: tudo que tenho, uso.


Caso queira saber mais sobre o que sentiu Huck, veja aqui.

3 comentários:

Eduardo Andrade disse...

Amiga,
É isto aí!
Não importa quem é a vítima.
Classe média tem este erro: em vez de lutar para acabar as falcatruas em Brasília fica fazendo crítica a quem foi submetido à violência. Muitos dos que criticaram alimentam a violência.
Não sou fã do Luciano, mas ele tem todo direito de desabafar.

Anônimo disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Anônimo disse...

Achei a matéria da revista Época meio radical, pois também acho que o Luciano Huck tem todo o direito de reclamar. Afinal de contas, ele é um cidadão como nós, e roubaram um objeto que ele trabalhou para comprar.
Porém, andei analisando mais a fundo a questão: o dinheiro que ele ganha para comprar um rolex de R$ 50 mil é fruto de seu trabalho num programa da Rede Globo. Programa este que contribui para a deseducação e alienação do público que o assiste. Da falta de educação, nasce a falta de emprego qualificado, que gera fome, e a consequência disto tudo é a violência.
Será que R$ 50 mil não é pouco para a "descontribuição" que ele dá para a sociedade?

Se deixar, o vento leva!

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