Somos aconselhados sempre a não reagir a um assalto. Existe cartilha, uma lista para evitar o medo, o pavor da fragilidade? Ok, tudo bem! sei que na hora devo entregar tudo o que a pessoa armada me exigir. E, se nesse exato momento, lembrar das contas, da família e resolver não soltar a bolsa, mesmo que essa reação não seja de todo lógica? E, se mesmo ao entregar, o revólver continue sendo apontado pra mim? Há muitas regras para o assaltante: apontar arma, comandar e atirar. E para a vítima, além de tremer e chorar? Tememos a violência porque mora em nós, ainda. Só que a grande maioria não sai por aí comprando revólver, assaltando e fazendo disso um meio de vida. Já cheguei a ouvir de uma mãe aflita dizer para a filha "entregue tudo.". Conselho oportuno, mas quando foi com a minha filha eu só consegui dizer para o assaltante "não" repetidas vezes. Claro que ele não me atendeu. Interessante é que ele não portava arma que mata. Apenas a presença e a ordem: "me dá a bolsa" - no que foi atendido. Resultado da experiência. Dias, meses com aquele pavor que não nos largava. Sair às ruas sem antes olhar de um lado para o outro, passou a ser rotina. Não está fácil. Hoje não se paquera e, muito menos, nos sentimos paqueradas. Seguramos firme a bolsa, pacotes, damos mais vigor aos passos e elevamos o pensamento para o Alto - Senhor me torne invísivel. Há casos em que conversar com o assaltante dá certo. Uma amiga assim procedeu. "Doutrinou" o garoto apavorado, confuso, debutante na vida criminosa. Razões ele alegou. Precisava de dinheiro urgente para comprar remédio para avó. Ao final, com o dinheiro na mão, não mais fruto de assalto, mas de doação, prometeu mudar de vida. Que me venha o escândalo para que eu queira retroceder e, nesse retrocesso, espiar melhor e compreender a necessidade de indulgência, da misericordia. Lembro um outro amigo invisível: "o ato da violência é um grito de socorro." |
Grito de socorro
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