Narcélio, a vitrine que espelha


 "Quero morrer trabalhando. Não aposentarei atividades. O rádio é a minha vida". Frases repetidas, inúmeras vezes pelo amigo Narcélio Limaverde.  E foi o que aconteceu quando a doença lhe pegou de jeito e você teve que partir para onde todos iremos, sem mala, bolsos vazios, mas com um conteúdo imenso do que fez, do que permitiu ser, do que fez proliferar.

Eita, Narcélio. Você tinha medo de morrer, não era? Mas, você não morreu, mudou e nem me convidou para uma visita. Chorei rios com sua partida de uma passagem, por enquanto, apenas de ida. Se eu gostasse de sofrer - mais do que devo- estaria lamentando muito a sua ausência física. Mas, qual o quê? Eu também irei, um dia. Pode ser amanhã, daqui a pouco.... quem sabe?

Fora do rádio e sem sua companhia, sem o seu programa para produzir com tanto esmero, que até assustava quem não nos conhecia... tem que ter o rádio na veia para saber. Não lamento, não, não lamento quando sei que vivemos dias maravilhosos e ricos de companheirismo, de paixão pelo veículo de comunicação que te consagrou. 

Lembro que você me dizia, aliás me cobrava: Fátima você precisa aparecer, falar ao microfone, você tem tanto o que falar, o que apresentar... e eu, sorrindo dizia: Oh, amigo eu sou dos bastidores, você, sim é a minha vitrine!



Se estou sozinha?

Desde o segundo descasamento muitas pessoas me perguntam: está sozinha? 

A resposta às vezes demora, não porque não a identifique, mas porque fico intrigada com a intenção do interlocutor. 

O que é estar sozinha? 

Estar sem marido, amante, namorado, ficante?

Voltando para o meu interior, descubro que estar só é um privilégio!

É saber distanciar a gestão da emoção.

Ser gestora da emoção alheia é ultrajante!

E, quando a resposta do interlocutor é do tipo "...melhor assim..." Por que isso?

"Quem sabe de mim sou eu" já dizem por aí... 

Pois é, para saber de mim, preciso estar comigo. E pode apostar: isso não é estar sozinha.

Chegou a velhice(?!)




 Já falei aqui, neste espaço, sobre o tempo que me levou. 

Envelhecer, antes de me deixar pra baixo, me deixa surpresa! Caramba! beiro o dígito 7. É incrível!

Tenho uma disposição imensa e repito ações, atos e outros movimentos esquecendo-me quase que totalmente do corpo que envelhece. Daí, estar me vigiando para atentar às limitações.

Nunca suportei limitações. É o tal do orgulho que grita, esperneia por não ser domado, ainda. Mas, aí o tempo te pega... e segura! Não tem pra onde correr. 

E se for para ficar alegre, tem muita mulher empoderada dando vivas para a idade, que chamam de melhor. E eu aqui cismando o pensar.... é pra deixar o acelerador, pisar no freio?

Eu ainda prefiro as derrapagens. Ora, se prefiro!

Se deixar, o vento leva!

 De vez em quando faço uma ligeira pesquisa por aqui, neste espaço. 

É tão bom ler o meu pensar de alguns anos. 

Este blog tem me acompanhado. 

As letras formam imagens na minha cabeça e lá vão os pensamentos evoluindo. 

Se eu tivesse disposição para escrever tudo o que me chega! ah.... eu necessitaria de muito mais tempo para isso. 

Mas, não vou me atrever e seguir nesse trem louco que hoje estamos sobrevivendo. 

Fico na estação vendo as máquinas voarem e me imagino agarrando-me numa das portas e, como num desenho animado, deformo-me com a força do ar. 


O pensar é um companheiro e tanto! 

Em busca do meu discurso

O meu pensar é tão latejante: não me dá sossego. E a vontade enorme de deitar tudo neste espaço, muitas vezes me consome. Então, por que não faço isso? 

Pode-se dizer que sofro com empecilhos, noias, preguiça ou até mesmo dor no ombro.... e dói mesmo! 

Já apostei muito nessa vontade de escrever. Aos 15 anos, escrevi o primeiro romance não publicado porque está perdido. Guardo as personagens comigo porque são inúmeras EUs. 

Será que daria para
fugir de mim e criar pessoas outras? Como se sente assim o escritor, no momento de criação?

Nem sempre me "senti" autora. Na maioria dos momentos escreventes "alguém" dita. 




Quebrar é bom?


 Estava cismando o pensar na frase que lateja: "vou nem que me lasque". 

Este mantra(?) carreguei por muito tempo. E não é que me lasquei! Não no sentido de quebrar, mas de empenar. 

Eu sou assim, fico empenada em momentos turvos. 

O meu pensar é tão - como dizer - ligeiro demais, que nem sempre o alcanço. Mas, de vez em quando, empenada, consigo distraí-lo e sinto-o com mais intensidade. 

Quem dera que tudo se resolvesse dentro da minha lógica. 

Não que eu me considere tão racional. Sou mais do tipo que "viaja" mas não me perco, porque a âncora que me prende à razão, não me deixa largar à tona as ideias mirabolantes minhas. 

Portanto, o "nem que me lasque" pode ser interpretado como uma intrepidez diante do assombro dos muitos que me rodeiam. Afinal, as joias para encantarem precisam ter suas pedras lascadas.  

Sinergia

Acabei de viver momentos especiais. Reuni três amigas que os atalhos da vida (serão mesmo?) me trouxeram. 

Foram tantos assuntos, que democraticamente, conseguimos por em dia, a realidade de cada uma: idade, emprego, relacionamentos, dinheiro, conflitos, família, tranquilidade... Nessa maratona, acredito que nós não nos perdemos. 

É claro, que o meu humor brincalhão se fez presente, porque, afinal "rir é o melhor remédio". Dos muitos temas aflorados, a maioria mereceu relatos profundos. E não é assim que nos motivamos nas reuniões?

Nada é mais prazeroso do que o contato, a troca de energia, os olhares curiosos, de admiração, de concordância, de espanto, de afirmação, de aplauso e de muito agradecimento. Sim, percebemos que a gratidão é o sentimento que sempre buscamos. E não há vazio que ele não preencha. Luz, amigas!
 

 

Narcélio, a vitrine que espelha

 "Quero morrer trabalhando. Não aposentarei atividades. O rádio é a minha vida". Frases repetidas, inúmeras vezes pelo amigo Narcé...