Blindagem


Vivemos em perigo. Corremos risco o tempo inteiro. Agora mesmo posso estar sendo consumida por algum tipo de vírus - afora o que me transtorna com dores de cabeça intensa, a velha gripe somada à mais antiga sinusite - que possa ser fatal.


Este pensar está longe de ser o mais leve que costumo usar neste espaço, para dar um descanso ao leitor de tanta notícia carregada de violência. Contudo, explico o início meio caústico. Estava lendo sobre uma novidade no mercado para veículos.


Lembrei que no ano passado, quando voltava da casa de uma amiga, onde promovemos uma reunião para um encontro de juventude, quase fui vítima de uma pedrada. Um adolescente arremessou a pedra contra o carro. Ainda bem que o vidro estava um pouco acima da minha cabeça. Não sei o que me ocorreria depois de ser atingida pelo projétil.


Percebo que alternativas não faltam para remediar situações adversas: compramos grades cada vez mais altas e fortes para resguardar a nossa casa; levantamos muros mais altos; nos exilamos no interior dos prédios e ficamos em contato com o mundo por meio da Internet; e usamos cada vez mais as conversas virtuais. Tudo em nome da sobrevivência.


Ontem, no dia das mães, fui ao supermercado. Demorei pouco na escolha dos produtos que buscava, e uma vez na fila do caixa, ouço uma voz feminina revoltada, relatando o roubo de um veículo que tinha acontecido há pouco, no estacionamento do estabelecimento.


Volto à história da película blindada nos vidros dos veículos, numa tentativa de prevenção. A gente pode trancar; criar dispositivos contra a insegurança, mas quem segura a mão que apedreja? É preciso mostrar ao homem que a fonte da maldade precisa secar, enquanto ele se alimenta de bons pensamentos e de interesse pelo bem do outro.

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