O teatro está na rua


O Teatro José de Alencar, o indicativo da arte no Ceará, tem uma vizinhança que incomoda. Não, não sou contra a população que tenta sobreviver em meio à súplica endereçada aos transeuntes.
Por considerar viver a arte mais dramática do momento, é preciso olhar para eles, dar-lhes um lugar digno para morar. Porque, além de ferirem a estética do entorno do Teatro, dão medo, lembram insegurança, que assalta a tranqüilidade dos adoradores do teatro.


Eu bem poderia cantar loas em homenagem ao Teatro José de Alencar nos seus 98 anos que completa hoje, no entanto, quem mais me chama atenção são as pessoas, invisíveis para alguns, que gritam por socorro. O cenário, com certeza, é bem diferente dos cem anos passados, quando na construção do TJA. Aquela Fortaleza bucólica, cheia de verde, vento solto - que em nada lembra o ar aprisionado de hoje, embargado pelo paredão de edifícios dos donos do mar.


José de Alencar, o escritor que emprestou o nome, pintava Iracema, índia rápida que cortava a cidade numa manhã brejeira, sonhando com o príncipe que acabara de conhecer. Pois é, quanta diferença!
Como gostaria hoje de assistir ao espetáculo dos moradores de rua, largando o asfalto, dando adeus ao relento e reencontrando o lar. Quanta maestria seria, como aplaudiria o ato, que sem ensaios, desenharia o texto sem titubear. O homem, arte divina, encenando seus melhores momentos de dignidade!

Um comentário:

Natália disse...

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