Sem pressa para voltar


Poderia passar por despercebido, até esquecer. Mas, quem esquece o inusitado? Ontem, alguém desejou a um colega de trabalho, "feliz dia de finados". Não é piada, mas deu pra rir.

Rir é uma faculdade que tenho em ação desde cedo. E foi fácil porque não irei ao cemitério reclamar presença na minha vida a alguém, que se mudou por um tempo da Terra.

A minha filha Érica me perguntou se eu faria questão que ela fosse ao cemitério "visitar-me". Lógico que não! Não peço aos outros o que detesto fazer. E também porque não estarei lá. Não suporto ambientes fechados por muito tempo, sem conforto e com um calor dos diabos.

Tenho certeza que aproveitarei a oportunidade para viajar. Não sei quando voltarei porque ao me despir do corpo, também me despeço dos compromissos terrenos. Vou aproveitar, pode deixar.

Voar sem me preocupar com as parcelas mensais da conta da passagem. Sem ter que ficar na fila de espera no aeroporto; sem curtir os solavancos do carro de encontro com os buracos da estrada. Sem ter que consertar a alça da mala, separar roupas.

Não mais ouvir a mocinha e o mocinho da cobrança repetindo o meu nome completo. Varrer, lavar, cozinhar... Só não irei gostar da despedida.

Antes que você me considere inusitada, acompanhe o que Luís Câmara Cascudo fala sobre o dia de hoje.

Um comentário:

Saramar disse...

Fátima, bom dia.

Achei interessante essa abordagem do triste dia.
Não tenho esse desprendimento (sem trocadilho) que você demonstra. Morro de medo de morrer, talvez por achar a vida tão maravilhosa, talvez por medo apenas de não ser.

Beijos.
P.S. Gostei de conhecer seu blog. Voltarei para ler mais.

Se deixar, o vento leva!

  De vez em quando faço uma ligeira pesquisa por aqui, neste espaço.  É tão bom ler o meu pensar de alguns anos.  Este blog tem me acompanha...