Ser mãe dói. É dor no desvirginar do ventre na gravidez, espaço alargado para abrigar o reencarnante, que - pela ajuda divina - não sabemos com precisão o destino. Só queremos aconchegar. É tudo o que a mãe deseja. Ter ao alcance da mão o corpinho e depois crescido, emparelhar o ombro, oferecendo o peito para o carinho.
A mulher é toda ventre, é toda ninho, quer abrigar a cria, que cresce independente dos seus gestos e surda aos seus apelos. É um grito de dor na hora do parto, o sorriso que vem a seguir, a lágrima escondida - o tempo todo - diante da decepção do destino oferecido ao filho.
Ser mãe dói. Nada é mais convergente do que o colo materno e nada mais distante, mais ausente do que a perda. Ninguém melhor para falar da crise da partida do que a mulher que amamenta.
Se a dor reúne a humanidade, todas as mulheres mães estão irmanadas. Nada é mais tangível do que o calor e o riso do filho e nada mais é tão perdido do que o filho que se vai.
Acabo de ler a dor na foto que o jornal Diário do Nordeste publica hoje.
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