Estou de folga do computador!!! Por isso, me dou um tempinho. É que os meus dedos brigam com as teclas do laptop. Eu, como sempre espaçosa, brigamos muito hehehe.
Voltei para desejar um Ano de muita Luz!!!
Fim de ano nos leva a fazer balanços. Olho para trás, ando os quase 365 dias de ré e retorno tão rápido quanto o tempo de uma manchete de rádio. Percebo que não só entrevistei fui também entrevistada, falando sobre um veículo de comunicação, respondendo questionamentos e muitas vezes fui para o paredão.
Nesse BB você acaba formando turmas e turminhas reunindo pessoas que entendem o seu vocabulário e muitas outras que você costuma entediar. Logo depois das primeiras entrevistas para TV, pensei : vixe como andar de ônibus agora? É democratização da comunicação. Você não precisa ter uma BMW para sair na telinha.
Falei sério sorrindo porque a zombaria ficou pouco tempo por aqui. E cá com os meus botões, esse 2008 só me deu alegria. Claro que pintaram aqueles pingos escuros, que afugento. Eu lá tenho vocação para sofrer!
Eu vivo com calendário na cabeça. É uma obrigação para quem vive acompanhando os fatos e jornalista não pode fazer de conta que não vê, não ouve, não sente... Ou seja, tem que usar os seis sentidos sempre. Mas, a cidadã, pode ignorar certas datas, como por exemplo, coisas que o cérebro bem elaborado pelo Divino, coloca num compartimento fechado.
Certa vez, durante um congresso, uma médica falava sobre os estalos do cérebro para nos levar de volta a algum fato do passado importante. Ela dizia, que não sabia precisar bem, mas que a massa pensante, sempre nos trazia a melhor lembrança.
Uma das datas que mais gosto é o dia do meu aniversário, quatro de março. Considero o dia do aniversário - e olha que na infância não fui estimulada para isso - uma data iluminada. Somo mais 365 de experiências e nem sempre bem vivenciados.
Hoje o senador Tasso Jereissati está fazendo 60 anos - muita luz, senador - e fiquei pensando como será a minha era sexagenária. Com certeza, se ainda estiver encarnada (não falta muito tempo, mas sei lá, e se de repente já estou noutra?) vou comemorar e no bom estilo: com amigos, com a família e com iguarias gostosas dentro da minha expectativa financeira.
Não irei para grandes buffets, não receberei grandes presentes, não causarei euforias entre os convidados, mas, com certeza serei sexi(sagenária) como diz o meu amigo Júlio Sonsol, o cara que traz o sol na letra, portanto, com muita luz e calor. Será que você sabe disso, Júlio?
A tecnologia é fantástica. Um dia desses, como diz o meu pai, estava teclando com força no mindinho a letra A da máquina Olivetti, companheira de todas as horas, parceira de muitos textos que me renderam salários mensais. Quando o computador apareceu na minha vida, não tinha mouse. Depois de levar uma pequena surra do insert - fiquei louca vendo as letras num processo de autofagia sem fim - até descobrir que bastava teclar a danada e resolver a questão.
Fiquei craque no Ctrl B para salvar tudo. Até hoje faço assim. Respiro o final da frase e já vou salvando que não confio nesse bixim. Mas, como dizia, a tecnologia é fantástica, o papel carbono me dava cópias que não achava borrada e nem ficaria com inveja da impressora laser de hoje. A gente precisa aprender amar as coisas que nos dão vida.
Acabo de ver o primeiro mouse e informações dando conta de que o nosso ratinho vai nos deixar em breve! Seria um adeus à LER? Iremos nos adaptar com certeza, considerando que somos seres miméticos. Num passado de iluminismo os grandes filosofos escreveram com pena sobre os pensares que nos auxiliam até hoje. Da pena ao mouse, o homem pega emprestado os animais para dar nome à tecnologia de ponta.
Seria um indicativo no futuro de coisificação generalizada?
Estava conversando com o meu self a respeito da ingenuidade. Aquele tempo em que você acredita que bico de cegonha é para carregar pano branco com um bebê a bordo. Ou que papai Noel é um santo alegre e bonachão que entra no seu quarto deixa presentes, mas só se os lençóis não estiverem molhados.
Pensando o quanto se engana criança, o quanto se mente, é para ficar de orelha em pé com uma vontade danada de dizer que danação de criança é apenas uma resposta ao medo que se faz. Fui uma menina extremamente medrosa. O escuro, as folhas das árvores balançando ao vento, uma batida não identificada faziam o meu sangue pulsar com mais rapidez e os nervos tensos não me permitiam dormir.
Ser ingênuo, portanto, seria o trouxa? Não me aceito assim. Fui criança censurada, num tempo em que menino não ficava na sala para ouvir conversa de adultos; que não podia pedir mais um pedaço de bolo por ser falta de educação; e, muito menos, responder aos pais. Tinha que engolir até o choro. Que tipo de adulto é o resultado dessa pressão?
Dezembro está chegando e a psicoesfera do Planeta torce para que a gente respire melhor e inspire melhores dias, mais luz, brilho na boa vontade. Isso tudo como desejo para o próximo, para o outro, àquele que a gente quer bem ... bem longe, sabe?
Gosto muito de dezembro porque a cidade se ilumina. As luzes artificiais estão longe de ser a luz providencial de que tanto necessitamos, mas pelo menos, ilumina os olhos, cutucando a somba do egoísmo que a gente insiste em continuar cultivando.
É dezembro, o último BRO de 2008, que respira aliviado porque já está tirando férias. Logo mais, passa a bola para o nove, que vem tinindo de boa vontade. Tomara que venha molhado, lavando as árvores da Cidade, regando riachos e avolumando rios, bem por aqui, no tórrido Ceará.
Com a TV nem sempre me entendo, mas com o controle sim. Não olho para a telinha sem ter em mão o aparelhinho mágico que me poupa muitas vezes de conferir alguns vexames. Mas, há sempre a curiosidade de acompanhar alguns folhetins televisivos. Há produtores que apostam na polêmica, tudo o que dá pra falar, alimentar comentários nem sempre felizes para as pessoas que são alvos, estão na pauta deles.
Assim, conferi sem querer, parte de um debate(?) com uma moçoila morena, pernas trabalhadas em academias, que se autodenomina Mulher Filé. Foi essa denominação que me prendeu a atenção. De pronto, já fui armada com as minhas reticências e um perfil traçado da mulher moderna, que não mais se expõe - digo o corpo - para ser reconhecida.
A moça tentava se defender das acusações de vulgaridade. Ela foi textualmente apresentada assim. O vocabulário não ajudava e ela me pareceu uma vítima, ali acoada, querendo livrar-se da pecha de que é um mau modelo a ser copiado. Uma participante do tipo bem comportada, que não precisaram o nome, alertava-a para o perigo que representa para crianças e adolescentes.
A Mulher Filé participa e defende o gênero Funk: Existem vários níveis de funk - defendeu-se, quando uma outra participante do programa, destacava que o gênero representa um segmento da população que merece respeito.
Como precisava dormir porque acordo cedo, desliguei o aparelho e não sei qual foi o resultado do embate(?) polêmico. Mas, voltando às armas , o pior de tudo não foi a moça em questão, mas o programa que leva alguém para o ar, expõe a pessoa ao rídiculo, numa tentativa irresponsável de manter audiência.
Não vou dizer o nome do programa para não fazer propaganda. Você pode ficar curioso e querer dar audiência.
Se quer satisfação, procure-a. Vá fundo, pesquise os seus arquivos. Faça dowloads quantos forem necessários. Com certeza, nem adianta para o lado, buscando ajuda. Levante a sobrancelha, espiche o olhar para fustigar o pensar mais escondido. Lá bem dentro, o cérebro vai jorrar idéias que vão iluminar.
Depois desse rebuscar, veja se a razão de estar insatisfeito não está preso a si mesmo. Eu sempre dou de cara com esse resultado. É uma cena que se repete, repete...
Costumo pensar que ninguém é mais radialista do que o ouvinte. Estão sempre atentos e quando nos cobram, é para melhorar a programação. E também para lembrar que uma das principais razões de ser da mídia eletrônica é ouvir o outro.
O rádio é íntimo porque está mais próximo do pensar humano. Fala com quem ouve e tenta responder o que sente. É por isso, que está sempre ao pé do ouvido.
Recebi e-mail com dicas para ser feliz. Uma das idéias é não levar a vida a sério. A frase só dá o que pensar porque não é específica. O que não deve ser levado a sério? Ou seria melhor indicar o que não deve ser levado muito a sério?
Como ser feliz sem levar alguém que faz parte da nossa vida a sério? Seria dar de ombros quando algo que não pode ser resolvido a contento? Seria fazer vista grossa? Seria por um ponto final numa frase que merece um parágrafo?
Seria dar um murro no espaço para afastar o palhaço da idéia de que só eu posso resolver algo, porque o agente incomodado sou eu mesma?
Não seria melhor dizer, não leve a vida com apego? Porque esse "sentimento" tem me causado dores terríveis, apesar de viver afirmando que não sou apegada, pelo menos, muito. São os tentáculos da equivocada conquista, da maternidade, da necessidade inventada...
Recebo convite para divulgar o dia do saci pererê, que é comemorado em 31 de outubro. Abro o arquivo da infância e tento encontrar o menino arteiro de uma perna só nos meus sonhos de menina. Enquanto o dowload não é concluído, cismo o pensar para a infantilidade superficial da programação de hoje.
Lamento profundamente a falta de espaço e de oportunidades que as crianças desta década não experimentam. Pode até ser divertido usar o mouse para fazer o saci pular o tempo todo e aprontar com os desavisados, mas é bem diferente imaginá-lo no jardim, no quintal da nossa casa.
Fazer de conta que o cheiro do cachimbo daquele menino danado ou mesmo um assovio de assombro, fazendo a drenalina acelerar o batimento do coração. Pode até ser confortável a piscina coletiva de um grande condomínio, mas nada compensa a água gelada e convidativa de uma lagoa em meio ao sertão, como um grande bem quase único.
Pode ser saboroso o sorvete, mas foge longe do sabor natural da fruta comida enquanto se disputa o galho da árvore, que não nos rejeitava naquele tempo em que malinação era pular sem muito cuidado.
O saci é genuinamente brasileiro, assim como o desejo de que a criança possa experienciar a liberdade de andar descalça sem medo de pegar bicho, ou mesmo, sem se queimar no asfalto, no abandono do cuidado, do olhar materno atento.
Um dia desses observava que em alguns bairros da cidade, as pessoas preferem transitar no meio da rua, evitando as calçadas. Tinha vontade de perguntar por quê, contudo, ficava na observação. Hoje estou que nem elas. Quando estou a pé, prefiro - na maior parte do percurso - as ruas porque são mais fáceis de correr para fugir daqueles que insistem em viver na criminalidade.
As ruas de Fortaleza, antes eram um convite para sair à tarde, curtindo o sol que se despedia e anfitrionava a lua. O entardecer de Fortaleza é simplesmente fantástico. Mas não dá para ficar olhando pro tempo, é perigoso!
As calçadas de Fortaleza são verdadeiras pistas de obstáculos e nem adianta ameaçar punir estabelecimentos comerciais porque nós somos coniventes: sentamo-nos numa boa em cadeiras distribuídas pelas vias que seriam para andarmos. São os bares, as pizzarias e até restaurantes.
E os veículos? ah, cada vez em maior número e tão chiques que faz lembrar que vai longe o tempo em que o Estado era considerado pobre. As vezes me pergunto por onde andei que passei a desconhecer a minha Cidade.
Ser professor é que nem mãe: é para sempre. Mas, nem sempre são próximos. Tive a oportunidade de conviver com muitos, a maioria, mulheres. A primeira professora (foge-me o nome dela agora) nos estimulava a cumprir as tarefas com a palmatória. Não, eu nunca apanhei dela. Aos seis anos de idade, já sabia ler algumas palavras e somar alguns números. Recusei-me a cobrir as letras do alfabeto, preferindo imitar a boa caligrafia no caderno.
No ginásio, uma outra professora marcou por ter duvidado da autoria do trabalho que apresentava. Recorri aos rascunhos(borrão) para convencê-la. Depois, com o pedido de desculpa passei a ser alvo de suas atenções pelo capricho no raciocínio. É bom lembrar que na adolescência vivi alienada, o que dava asas para a imaginação.
Outras importantes figuras ainda são do meu convívio hoje: o professor Antonio Mourão, com quem tenho a oportunidade de contar como colaborador para análises de vários temas na rádio em que trabalho; e a professora Adísia Sá, também com quem já trabalhei e sempre tivemos uma convivência maravilhosa.
Os ministérios da Saúde e das Cidades lançam campanha com foco na criança. É mais uma tentativa para diminuir o número de óbito infantil nas estradas do país. Ontem, enquanto jantava numa churrascaria próxima à minha casa, vi um desses flagrantes contra a criança. E acredito que ela estivesse em companhia dos pais, que iam numa moto, os dois adultos com o capacete e a criança entre eles.
Há pessoas que acreditam que o fato de estarem presentes é o suficiente para proteger a criança. Mas, num acidente, quem mais irá se machucar? A violência contra criança é tão sutil que não é percebida pelos adultos. Vem desde a falta de atenção quando um choro ininterrupto acontece em meio a madrugada, ao desrespeito do horário de se alimentar e fazer higiene.
O apelo do governo vem em forma de lei, multas contra a falta de atenção. Enquanto o bom senso não ocorre, é o bolso a parte mais sentida.
O pensar resolve na cabeça que é uma questão de educação. Seria, mesmo? ou é cultural? Mas, confesso também, que bato palmas com enfase, quando escuto a professora Adísia Sá. Acabo de receber um exemplar do seu livro Capitu Conta Capitu, já esgotado na sua segunda edição.
Percebo que quando leio sobre a natureza feminina, tento me afinar com a escritora, por meio dos personagens. Antes de arriscar nas letras, acreditava - na maioria das vezes - que o personagem central falava do escritor, agora cismo que há muitos selfs perseguindo-me. E nessa corrida, reúno a equipe do que sinto ser e busco um discurso coerente com a realidade que posso mostrar.
Se você puder olhar no olho, vote para não ter que dizer vôte, nos próximos anos.
Se você puder espiar por trás da janela, espie para não ter que espiar depois.
E se você torce para mudar de atitude, torça para não ter que torcer o braço para mudar de direção.
A língua portuguesa que vai mudar um tiquinho, a partir de 2009, vai confundir quem está chegando, quem está de fora da escola e quem não lê.
Ser mãe dói. É dor no desvirginar do ventre na gravidez, espaço alargado para abrigar o reencarnante, que - pela ajuda divina - não sabemos com precisão o destino. Só queremos aconchegar. É tudo o que a mãe deseja. Ter ao alcance da mão o corpinho e depois crescido, emparelhar o ombro, oferecendo o peito para o carinho.
A mulher é toda ventre, é toda ninho, quer abrigar a cria, que cresce independente dos seus gestos e surda aos seus apelos. É um grito de dor na hora do parto, o sorriso que vem a seguir, a lágrima escondida - o tempo todo - diante da decepção do destino oferecido ao filho.
Ser mãe dói. Nada é mais convergente do que o colo materno e nada mais distante, mais ausente do que a perda. Ninguém melhor para falar da crise da partida do que a mulher que amamenta.
Se a dor reúne a humanidade, todas as mulheres mães estão irmanadas. Nada é mais tangível do que o calor e o riso do filho e nada mais é tão perdido do que o filho que se vai.
Acabo de ler a dor na foto que o jornal Diário do Nordeste publica hoje.
"Quero morrer trabalhando. Não aposentarei atividades. O rádio é a minha vida". Frases repetidas, inúmeras vezes pelo amigo Narcé...